GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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CHARUTOS E CIGARROS SÓ NA TABACARIA BITTAR
CHARUTOS E CIGARROS SÓ NA TABACARIA BITTAR

Meu pai, Issa Bittar, segundo registro, nasceu no dia 25 de abril de 1923, mas como no Líbano era costume registrar quando menino, essa não deve ser a data correta de seu nascimento. Filho de Moussa Bittar e Saada Bittar passou toda a sua infância e juventude no Oriente Médio, onde se formou contador, embora não exercesse a profissão. Ele nos contava que trabalhou num bar chamado Café Brasil em Beirute. Convivia com muitos libaneses que deixaram a terra natal e vieram para o Brasil. Vir para cá ficou sendo o seu grande sonho. Como não tinha condições financeiras, ingressou na Marinha americana e começou a rodar o mundo. Primeiro a Europa, mais especificamente Roterdan, na Holanda. Depois de um ano de viagens chegou, em 1947, ao Brasil. Deixou a marinha e foi para Tambaú, onde decidiu mascatear. Comprou uma malinha, aquelas marrons de papelão e começou a vender roupa.

 

Estendendo a área de viagens chegou à vizinha cidade de São Miguel Arcanjo onde conheceu o Tio Fuad, patrício e comprador de suas roupas e casado com Munira, irmã de minha mãe. Como a amizade entre eles cresceu muito, e meu pai só, Fuad o apresentou a cunhada, Olga Ozi, com objetivo de casamento. Logo depois, já constituíam família com meu pai trabalhando como porteiro e minha mãe como vendedora de balas no cinema do próprio Fuad. Com sacrifício e poupança acabaram comprando uma lojinha de roupa que ficava na Praça de São Miguel Arcanjo.

 

Estavam negociando, quando meu avô, pai de minha mãe, Jorge Ozi, mandou um recado dizendo que em Itapetininga tinha um português, José Souto, que queria vender uma tabacaria. A resposta de meu pai foi simples: não tenho dinheiro. Mas o velho Jorge retrucou: “Eu compro e você vai me pagando aos poucos”. Em 1950 meu pai estava aqui nesta mesma tabacaria.

 

Neste mesmo imóvel, nascemos todos nós, seus filhos, o Willliam, o Samir, eu e a Eliana Bittar. Desde moleques ficávamos na Loja. Isso por ordem de papai. Ele saia e dizia: “Paulo fica na loja; Eliana fica na Loja, William atenda o balcão”. Tudo com a mamãe por perto. O interessante é que a tabacaria, durante toda a vida, abria às 8 da manhã e fechava as dez da noite. De domingo a domingo. E não era apenas nesse longo horário comercial. Quando queimava um fusível ou precisava de um prego, vinham ao Issa Bittar.

 

Nessa época, além dessas quinquilharias, dos charutos e dos cigarros, havia também, no mesmo local uma frutaria. Como apenas as frutas de produção local eram vendidas em carrinhos nas ruas, papai resolveu importar frutas européias. Era maçã, pêra e uva que vinham da Espanha acondicionadas em barricas de madeira igual às barricas de vinho. Tudo no meio de pó de cortiça, que chegava no Porto de Santos. Dessas frutas tínhamos clientes de toda a região.

 

Papai foi também, durante toda a vida, representante dos fogos Caramuru e Adrianino, que vendia muito. Somente nessa época e no final de ano, que meu pai chamava minhas primas, filhas da Munira, para ajudar, já que não tinham empregados.  Só paramos esse comercio, depois de sua morte, dada as complicações burocráticas e a nossa localização no centro da cidade. Meu pai nunca teve empregados.

 

Houve um tempo que a Tabacaria também comercializou artigos para festas, festa de aniversário, que quase não existia por aqui. Mas, com a vinda dos supermercados e uma difícil concorrência, papai deixou de vendê-los. Muitos outros produtos passaram pela loja, mas o forte e o permanente foram os artigos de tabacaria: charutos, cigarros, fumos para cachimbos, isqueiros, canivetes, canetas e como não podiam faltar, fumos de corda e material para o cigarrinho de palha, que ele mesmo fazia para oferecer aos amigos. Aliás, amigos não lhe faltavam, pois tratava todo mundo igual. Podia ser pobre, rico. Conversava com todos. O mesmo atendimento. Podia ser tanto um político conhecido, um nome, uma família, como outros mais simples e diferentes como o Daniel “louco”, o Bem-Te-Vi, o “Lenha” .... Era muito verdadeiro. Uma pessoa fantástica.

 

Fantástica também era minha mãe, Olga Ozi Bittar. A vida dela foi a tabacaria. Qualquer um podia se ausentar, mas ela não. O tempinho que ela tirava era pra ela ver a mãe, minha Vó Maria. Ficava meia hora e já voltava. Participava ativamente do dia a dia da tabacaria. Meu pai não comprava nada sem antes consultá-la.

 

Foi assim até a morte de meu pai, em 2 de março de 1985. Mamãe se abateu um pouco. Os filhos mais velhos estavam fora. Eu e a Eliana passamos então a ajudá-la. Fiquei até o meu casamento, em 1985, e Eliana até um tempo depois. Nesse período ela assumiu a tabacaria e continuou por quase 19 anos. Cansada e querendo parar, de comum acordo com meus irmãos, assumi a tabacaria há exatamente dois anos. Logo depois realizei um sonho: realizar mudanças na Loja, vontade que tive desde moleque e que meu pai não queria. Mudei todo o visual e transformei a tabacaria em tabacaria e café.

 

Nossa família sempre teve vocação comercial. O William é comerciante em outro ramo. Ele é proprietário da Foto Lab. A Eliana tem uma empresa comercial agrícola, o Samir após comercializar obras de arte, trabalha com a venda de comida Síria, e eu com a tabacaria, além de outros negócios. Os filhos seguem nossos passos. O meu filho é comerciante desde os dezesseis anos de idade. Hoje ele gerencia a empresa do tio, que mora fora, tem equipamento de som para aluguel e é sócio no Boliche do Itapetininga Shopping.

 

Vou dizer uma coisa. Nasci dentro de uma loja.  Meu pai veio de um lugar que era a antiga fenícia, terra dos primeiros comerciantes.Cresci no comercio e peguei o gosto para a coisa. O comércio para mim é que move o mundo e por isso é a coisa mais deliciosa do mundo. A gente conversa, a gente aprende. Isso é tudo.

 Depoimento de

Paulo Bittar e Eliana Bittar

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JOSÉ LUIZ NOGUEIRA

 

 

 

 




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