GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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COSTÁBILE MATARAZZO - UM EXEMPLO DE COMERCIANTE
COSTÁBILE MATARAZZO - UM EXEMPLO DE COMERCIANTE

Meu pai começou a trabalhar muito cedo, com seis anos, no Armazém de Secos e Molhados que meu avô, Francisco Matarazzo, havia aberto no Paquetá, logo após o seu casamento com Ana Rizzo Matarazzo. Somente aos 14 anos é que deixou o balcão da família para trabalhar em uma fábrica de bebida. Aí não mais parou. Aos quinze anos estava em uma padaria e aos dezessete foi para a cidade de Araras como treinador de cavalos de corrida.

 

No entanto, sua vocação e desejo eram outros: gostaria de ser sapateiro. Mas ainda não era o momento. Ao retornar a Itapetininga trabalhou na padaria de Carlos Augusto Brandão. Aí surgiu a grande oportunidade de realizar seu sonho. Conseguiu ser aprendiz de sapateiro na oficina de Adalino Franci, localizado na Rua das Tropas.

 

Como “peixe dentro d’água”, papai fez rápido progresso.  Um ano depois foi promovido a oficial de sapateiro.

 

Estabilizado e com uma profissão, papai realizou, o seu segundo sonho: o casamento com mamãe – Maria Aparecida.  Para ele ainda faltava concretizar outro: o de ter o seu próprio negócio. Depois de muito trabalho e poupança conseguiu seu intento e adquiriu a Sapataria de seu antigo empregador, Adalino Franci, e se estabeleceu com a conhecida e tradicional Sapataria Matarazzo.

 

O começo foi difícil. Não havia oficiais, embora muitos interessassem pela profissão. Papai não teve dúvidas: abriu suas portas e passou a ensinar, de forma gratuita o ofício. Chegou a ter nada menos que 18 oficiais. Mas longe de deixar o batente. Empreendia tudo na loja e na fábrica, desde a compra dos materiais até a venda, de porta em porta, passando pela definição dos modelos a serem confeccionados, os tipos de corte e costura, o acabamento. Estava presente em todo o processo produtivo das conhecidas botinas, botas, sapatos, sapatos ortopédicos, selas e arreios.

 

Com total conhecimento da profissão e suas técnicas, papai sabia desenhar, cortar, pregar, colar e costurar, mas em nenhum momento guardou “seus segredos”. Estava sempre pronto para ensinar mais este ou aquele “macete” na confecção de seus produtos. Essa criatividade lhe rendeu sucesso e fama, inclusive em São Paulo e no exterior, já que era muito próximo de seu principal fornecedor, o empresário Frederico Gehring, proprietário do curtume de tecnologia e reconhecimento internacionais.

 

Oitavo de dez filhos foi nessa época que, menino, convivi na loja de venda de material de sapateiro e esportivo e na industria de calçados de meu pai. Por isso brinco com meus amigos que nasci praticamente deitado num rolo de sola de sapato, já que a casa em que morávamos era ao lado da oficina e da loja.

 

Papai, além de especialista em produção era também um perito em vendas.

 

Utilizando suas próprias forças e pernas, visitava sítios, chácaras e fazendas da região, fazendo seu nome. Conhecia, e bem, as estradas poeirentas e a de ferro Sorocabana, cujos trajetos o levavam a Bom Sucesso, hoje Paranapanema, Buri, Capão Bonito, Angatuba, São Miguel Arcanjo e Iperó. Sua sapataria, na Rua do Gado, tornou-se ponto de referencia, não apenas pela qualidade de seus produtos, mas pela forma amiga com que tratava seus clientes. Lembro que muitos deles, que vinham de locais mais distantes e almoçavam em casa.

Por toda a sua atividade, suas viagens e a grande prole, nossa educação acabou sendo compartilhada pela mamãe e pelos próprios empregados.  Nesse período, o marcante para nós, pequenas crianças, foi o auxilio dos sapateiros de papai em nossa educação.

 

Isso aconteceu porque as relações, de papai com os empregados, eram mais familiares do que profissionais. Muitos dele chegaram até a residir nas dependências de nossa casa na rua Quintino Bocaiúva

 

Dessa época relembro, os princípios de meu pai em relação aos filhos. Não tinha essa de ajudar. Tinha que trabalhar mesmo. Não tinha moleza. Assim, desde a pequena idade nós, graças a Deus, fomos não obrigados, mas acostumados ao trabalho.  A limpeza ficava quase sempre na responsabilidade dos menores, já que não sabíamos fazer outra coisa. Bastava ter um pouco mais de discernimento para realizar outras tarefas como, por exemplo, fazer cola de sapateiro que se chamava de grude. Tudo sobre o olhar atento de mamãe. 

 

Fiquei junto a meus pais até os dezoito anos, quando servi o Tiro de Guerra.  Nessa oportunidade inaugurou, em Itapetininga, o Bradesco e logo em seguida fui trabalhar lá. Isso em 1965. Impulsionados pela vocação de nosso pai, eu e meu irmão mais velho, Bruno, abrimos uma loja de calçados, confecções e artigos esportivos em Registro. Ficamos lá por três anos.

 

No final de 1969, voltamos para Itapetininga, onde fizemos sociedade com outro irmão mais velho, o José Matarazzo Sobrinho, agora na Rua Campos Sales, esquina com a General Glicério. Esse imóvel havia sido adquirido da família Calux por papai e pelo José.

 

Na Casa Matarazzo, papai ajudava e dava nome ao negócio, mas ele não participava tão ativamente, mesmo porque, também tocava o negócio que ele tinha na Quintino Bocaiúva.

 

Tudo ia indo muito bem quando aconteceu a tragédia, na véspera do Natal, dia 24 de dezembro de 1977. Um grande incêndio acabou com a loja inteira e o prédio veio ao chão. Toda a cidade, em especial os comerciantes da Campos Sales, se consternou. Nesse ambiente de tristeza, de desespero, um coreano, fornecedor nosso, disse uma coisa que me gravou para o resto da vida. Ele afirmou: “não se preocupe, fogo, quando acontece isso, queima tudo o que tem de ruim no local. Se tivesse coisa de ruim queima tudo, acaba tudo, não sobra nada. Após isso nasce forte e bonito”. Assim, de repente, a gente viu que podia sonhar com uma coisa nova e a partir daí o sonho começou a ficar maior e a gente acabou por construir aquele prédio que tem lá na rua Campos Sales e que leva o nome de papai: o edifício Costabile Matarazzo.

 

Era o Center Matarazzo, que funcionava em três andares. Uma verdadeira Loja de Departamentos. No Center éramos em quatro sócios, os irmãos José, Bruno e Costabile Junior mais o ultimo filho, o José Francisco, mais conhecido como Chico Matarazzo. Eu fiquei com a parte administrativa e financeira. Os outros tocavam a Loja.

 

Nesse período ainda abrimos várias empresas. Tivemos loja em Tatuí, filiais em Capão Bonito, Itapeva Sorocaba e Itu. Ao mesmo tempo adquirimos a Casa Armênia do Karnig Bazarian, e a Elegante, de Ari de Barros Moura. Abrimos um mercadão de móveis defronte a Rodoviária e adquirimos o supermercado, na esquina da Julio Prestes com a Silva Jardim, do Ciro Lobo.

 

Infelizmente, eu me afastei da empresa em 1996, mas os manos continuaram até 2001, quando o imóvel foi vendido para as Casas Bahia. 

 

Mesmo me desligando dos negócios de família, assim, como meus irmãos, continuei no comercio. Tenho uma empresa de atacado e alguma coisa no varejo, com a venda de biscoitos amanteigados. Isso, aqui e em São Paulo. Meu filho Costabile Neto trabalha comigo e esta fazendo faculdade. A minha filha Cíntia também está indo pro ramo, só que ela gosta mais de Shopping. Os meus sobrinhos também seguem a atividade comercial.

 

De meu pai, a lembrança que fica são de suas qualidades, que associadas à de um homem honrado, correto e muito religioso, levaram a conquista de muitos amigos e clientes.

 

Depoimento de:

Costabile Matarazzo Júnior

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