GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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ARNALDO VICTÓRIO BARRETTI
ARNALDO VICTÓRIO BARRETTI

Do leite ao automóvel

 

A família Barretti foi sempre marcada pelo seu espírito criativo e inovador. Meu avô era formado em arquitetura na Itália e logo que imigrou, foi o primeiro a fazer concreto aparente no Brasil. Também foi responsável pela construção de prédios para a instalação de máquinas de algodão. Uma delas, em concreto aparente, existe até hoje no Distrito do Rechã. Ele havia vindo com algum capital e tinha comprado uma fazenda no mesmo Rechã onde também se dedicou à cultura de algodão. Com a crise do produto, desativou as máquinas e deu continuidade a outros negócios, como laticínios. Tudo na Fazenda Bom Retiro que existe até hoje. Inovador fez a primeira mussarela do país, com vendas exclusivas para São Paulo, e criativo foi o primeiro a engarrafar água mineral, a água Excelsior.

 

Para meu pai, meu avô queria que ele estudasse. Lá foi seu Arnaldo para Araraquara para cursar Odontologia. Formou-se cirurgião dentista, conheceu e casou com minha mãe que também estudava na mesma faculdade. Praticou algum tempo a profissão. Mas criado em fazenda e sempre vocacionado à vida rural, retornou e começou a comercializar algumas coisas num armazém que fornecia produtos de secos e molhados para os plantadores de algodão da região. No armazém trabalhava meu pai e minha mãe. Era um atacado grande que recebia tudo por via férrea. Lembro-me bem, era moleque, das mercadorias que chegavam. Eram biscoitos Duchen, tecidos, azeitonas e azeite em barricas, quase tudo importado destinado aos produtores de algodão. Também vinham coisas mais simples que eram adquiridas tanto pelos trabalhadores das fazendas como por outros comerciantes menores. O movimento era grande. Minha mãe era farmacêutica voluntária e fazia atendimento a todo o pessoal com aplicação de vacina, cuidado ao doente, tudo dentro do próprio armazém. As vendas eram feitas a prazo conforme a safra de algodão. Vendia para receber seis, oito meses depois. Acompanhei tudo isso embora estivesse estudando.

 

Depois meu pai começou a trabalhar com laticínios. Primeiro instalou um em Buri. O segundo foi em Rechã. O terceiro em Itaberá. Os negócios iam bem e em sociedade com meu sogro Juraci Galvão, Martim Afonso Xavier da Silveira e Avelino Scarpelli, compraram o Laticínios Itapetininga, a conhecida Lisa, que ficava na esquina das ruas Virgilio de Rezende e Pedro Marques.  Um tempo depois também fiquei sócio da empresa. Naquela época o leite era vendido em litros de vidro que os leiteiros entregavam em carrinhos de animais de porta em porta. Vendíamos também para armazéns e tínhamos uma distribuição em São Paulo nos bairros Itaim e Moema.  Depois começamos a fazer queijo. Produzíamos queijos frescos, mussarelas e ricotas, que também eram vendidos em São Paulo. A Lisa, anos depois, foi vendida para a Vigor.

 

Já formado em economia e percebendo a demanda de produtos de laticínios e correlatos, fundamos as Mercearias Yaya, que abria a oportunidade de vendas no varejo aqui em Itapetininga. Tivemos duas: uma no mercado municipal e outra na rua Saldanha Marinho, onde hoje é o João Elias, defronte ao Hotel Colonial. O nome Yaya era uma homenagem que papai fez a filha mais nova e que tinha uma diferença de idade muito grande comigo. Seu nome é Maria José, mas mamãe a chamava de Yayá. O carinho era tão grande de todos nós a ela que até a manteiga por nós produzida tinha o nome Yayá. Lembro bem da caixinha de manteiga com a sua fotografia. Ela tinha uns cinco, seis anos de idade, era gordinha e de vestido amarelo de bolinha vermelha. Era uma caixinha engraçada, mas sugestiva. 

 

Meu pai não era homem de um negócio só. Paralelamente ao Laticínio tinha uma Maternidade e uma Revenda de Veículos.

 

A Maternidade São José ele havia fundado com alguns amigos. Era um hospital particular. Era mais uma atividade de sua iniciativa e criatividade. Primeiro ele comprou o terreno. Depois com ações do hospital construiu o prédio que era um projeto do Adolf Ludemberg. Durante dez anos papai tocou, ao lado do Diretor Clínico, o Dr. Antonio Anacleto Pendula da Gama, esse que foi uma unidade de saúde modelo. Mais tarde ela foi entregue a preço de custo à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Itapetininga. Hoje é um prédio abandonado.

 

 Nossa primeira revenda de veículos aconteceu em dezembro de 1960 na rua Padre Albuquerque 147, esquina da Coronel Afonso. Era uma Concessionária da DKW Vemag. Ficamos com essa marca durante cinco anos. Com a venda da DKW para a Volkswagen passamos a ser seu revendedor. Isso por mais cinco anos até vendermos a concessão. Mas continuamos no ramo, agora com tratores Massey Ferguson. Tudo no mesmo lugar. Investimos na construção das novas dependências da concessionária na Avenida Dr. José de Almeida Carvalho para onde transferimos a Itamac. Tivemos novamente a oportunidade de sermos revendedores da Volkswagen que instalamos nas dependências da rua Padre Albuquerque. No final dos anos noventa vendemos as concessionárias, bem como alugamos o novo prédio.

 

Foi nas revendas de veículos que passei a maior parte de minha vida comercial, quarenta anos, embora tenha começado no ramo de laticínios. Hoje retorno as minhas origens trabalhando em fazenda de laranja e outras culturas. Uma parte arrendada para a cana e alguns negócios em São Paulo, como uma sociedade com argentinos em Postos de Gás Liquefeito.

 

Papai ainda se destacou na atividade política. Um comerciante político. Foi vereador, em Itapetininga pelo PSP, naquela época de Ciro Albuquerque e do Ademar de Barros.

 

Esteve, também, sempre presentes nas associações de classe. Foi presidente da Associação Comercial e do Sindicato do Comercio Varejista. Foi por influência dele que participei, como presidente do mesmo Sindicato do Comercio. Na minha gestão consegui alguns cursos do Senac para aprimorar profissionais de diversas áreas. Lembro, por exemplo, do curso de cozinha para restaurantes. Itapetininga tinha se desenvolvido bastante, tinha um comercio bastante ativo, mas seus restaurantes deixavam muito a desejar. Daí a necessidade do curso. Além desse tivemos outros como de vitrinista, vendas e atendimento, tanto dirigidos aos comerciantes como a comerciários.

 

Continuo em atividade junto com meus filhos, pois o comercio é uma opção satisfatória para o desenvolvimento da cidade.  

 

Depoimento de

Arnaldo Enei Barretti

 

 

 

 

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JOSÉ LUIZ NOGUEIRA

 

 

 

 




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