Dado ao pequeno número de presentes no encontro de fundação, os idealizadores tomaram o livro de fundação e buscaram apoio na cidade e região para culminar com a festa do dia 27 de agosto.
O primeiro encontro, com o objetivo de fundar a Associação Comercial não deve ter agradado muito os seus idealizadores. Além dos que firmaram o convite, mais alguns poucos compareceram a reunião no Clube Venâncio Ayres, todos eles considerados os autênticos fundadores: Cel. Candido Severiano Maia, João Barth, Francisco Valio, Sebastião da Silva Leite Fernandes, Francisco Lisboa, Bartholomeu Rossi, Alcindo Soares Hungria, Gumercindo Soares Hungria, Pedro Rogachesky, Francisco Tambelli, Euclydes de Moraes Rosa, Constantino Matarazzo, Vicente Cherenga, Deolindo Menck, Mauricio Tambelli, José de Toledo Lara, Emilio Nastri e Elias Daniel
Mas o primeiro encontro deu mais alento para a continuidade da proposta. Apoiado pelo jornalista Antonio Galvão, a Tribuna Popular, publicou no dia 11 de julho de 1933 “... Resta agora que todos os interessados emprestem o seu decidido apoio à nova agremiação, que se propõe pugnar pelas justas reivindicações dos comerciantes e das classes conservadoras, afim de que, dentro em breve, esteja a mesma instalada em prédio próprio, como desejam os seus fundadores”.
Com o livro de ata debaixo do braço, Severiano Maia, o Candoca, junto com outros diretores visitou um a um os pequenos e grandes comerciantes, industriais e fazendeiros no sentido de solicitar a sua inscrição junto à nova entidade.
No dia 16, acontece a eleição da diretoria e do Conselho Fiscal, com a participação dos membros fundadores e mais alguns novos associados, que também firmaram a ata de fundação oficial, tornando-se também sócios fundadores, como Julio de Souza Pereira, Ohanes Sarkis Bazarian, Karnig Bazarian, Ayub Yunes, Manoel Santos Junior, Benedito Augusto do Amaral, Zacharias André, Alcides Simões, Lotfi Irmãos entre outros. Nesse mesmo dia é anunciada a compra do prédio da Rua José Bonifácio número 5 onde seria instalada a nova sede.
Nos dias 27 de julho e 5 de agosto, os novos diretores visitam, respectivamente, as cidades de São Miguel Arcanjo e Angatuba, conseguindo novos sócios.
Enquanto isso, Sebastião da Silva Leite Fernandes, através das páginas da Tribuna, demonstra em vários artigos a importância de filiar-se na Associação.
Os anos de ouro da Associação e do comercio
Com a produção otimizada do algodão herbáceo e os grandes lucros dos produtores rurais o comercio é ativado e a Associação vive seus dias de glória.
De sua fundação até o inicio da década de quarenta, a Associação Comercial de Itapetininga viveu anos de ouro, em todos os sentidos.
Mais de uma centena de associados permitem que em pouco tempo se quite a divida da aquisição da sede própria e se tenha um patrimônio de mais de 23 contos de reis.
O espírito associativo cria raízes e demonstra sua força de representação da categoria econômica, a nova liderança institucional assume lutas em prol dos comerciantes, como contra o Imposto e a denuncia da ação arbitrária dos fiscais; e as reivindicações da comunidade como um todo, como a reclamação dos serviços prestados pelos Correios, o pedido de redução do IPTU e a memorável e longa luta pela melhoria no fornecimento de energia elétrica.
Na política retoma seu espaço com a escolha do associado Paulo Soares Hungria para o cargo de Prefeito em Setembro de 1933. Aliás, inicia-se nesse período, a presença de sócios e membros da diretoria da Associação no exercício do cargo máximo da cidade como Francisco Lisboa em 1936 e, novamente, Paulo Soares Hungria em 1938.
Sob o comando do Cel. Candoca, alguns momentos tornaram-se históricos e até mesmo folclóricos como a ampla discussão sobre o horário de funcionamento do comercio. A “modernidade” revolucionária exigia o cumprimento de normas que não atendiam os interesses dos comerciantes e dos consumidores. Assim depois de muita discussão voltou-se ao horário normal das 9 da manhã às 7 da noite, fechando apenas no domingo durante todo o dia. Outra questão foi política. Até onde a nova entidade deveria ingressar nesse difícil terreno. Candoca e João Barth não gostaram dos rumos tomados, em especial um posicionamento pelo lado dos antigos peerrepistas ou dos novos getulistas, que fugia dos objetivos propostos. Venceu o bom senso e ambos retornaram a diretoria.
Toda essa movimentação expressava uma melhoria qualitativa e quantitativa do comercio. Empurrado pelos lucros dos produtores, negociantes e industriais do algodão, a atividade se especializava. Mesmo ainda tendo os tradicionais armazéns de secos e molhados, os estabelecimentos das ruas Monsenhor Soares, Saldanha Marinho e Campos Sales ofereciam charutos cubanos (Charutaria Econômica), sapatos de veludo, cetim, camurça, verniz e pelica, salto cubano e Luiz XV, as ultimas novidades da capital (Casa Astor) e o colossal estoque de fazendas de lã e sedas (Isaac Ferman)