GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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AOS 90 ANOS ELE AINDA NÃO PAROU
AOS 90 ANOS ELE AINDA NÃO PAROU

Comecei a trabalhar em 1936, na antiga Empresa Elétrica Sul Paulista. Foi numa época horrível, já que chovia lá no Rio Grande do Sul e a luz apagava aqui. Era de uma instabilidade incrível. Naquele tempo trabalhava na parte elétrica e minha função era cortar capim, lá na rua Antônio Anunciato, lá na Lagoa, para tratar dos dois burros que puxavam um carrinho de atendimento aos clientes. Depois de tirar carta de carroceiro passei a trabalhar com o carrinho e seus dois animais, o Lambari e a Morena.

Eu ficava de plantão já que morava ao lado da empresa. As pessoas telefonavam e eu e um outro rapaz, saiamos disparados com o carrinho para atendê-las. Ainda nas horas de folga fazia bico em serviços de instalação elétrica interna quando recebia dois mil réis. Isso me deixava muito feliz, pois o meu ordenado era muito pequeno. Fiquei na Sul Paulista até 1944 quando quiseram me transferir para Palmital. Não fui e deixei a empresa. Com o dinheiro da indenização e mais um que meu irmão inteirou, tentei a vida em São Paulo, na atividade comercial. Não consegui sucesso. Retornei a Itapetininga para iniciar novo negócio.

 

Meus primeiros passos no comercio por aqui aconteceu com uma casa de materiais elétricos e aparelhos domésticos, em 1946. Era um pequeno e modesto estabelecimento na rua Monsenhor Soares, próximo a Praça dos Amores, onde antes existia a Barbearia do Domingos Rafa. Era uma casa velha que aluguei. De início ia fazer compras em São Paulo. Saia daqui as três e meia da manhã, com duas malas, e ia comprar peças de equipamentos elétricos, lâmpadas, fios, tudo que se fala em material elétrico. Chegava em São Paulo, às oito horas e ia à rua Florêncio de Abreu, onde fazia minhas compras. Quando era mais ou menos umas cinco horas da tarde eu pegava o trem, ali na Sorocabana, e voltava. Chegava aqui por volta nove horas da noite, vindo diretamente para a loja onde distribuía o material que trazia. Assim comecei com um pequeno capital de um conto de réis mais ou menos. Comecei minha vida ali.

 

Nessa época tinha como vizinhos grandes comércios e comerciantes como a Casa Bittar, que antes pertencia ao José Souto, o Bar do Arthur Matarazzo ao lado do Recreativo.  O Balade, onde hoje é o estacionamento do Bradesco, a Casa Betam, onde antes iniciou o Banco do Brasil. Aliás, falando em Banco do Brasil, o primeiro gerente, procurou os comerciantes para abrirem suas contas. E nessa fui também. Fui um dos primeiros e hoje devo ser o único ainda vivo.

 

Depois da velha casa passei para o prédio que comprei do seu Agenor Vieira de Moraes, na mesma rua Monsenhor Soares, 412, onde antes havia funcionado a Coletoria e a sua residência. Ele me vendeu em condições muito cômodas. Mesmo estando começando a vida ele teve confiança em mim, embora eu lhe tivesse avisado que iria trabalhar para pagar, o que concordou de imediato. Paguei primeiramente juros irrisórios e com o tempo, o capital. Em um ano e pouco quitei minha dívida.

 

Fiquei uma temporada lá e depois consegui construir um novo prédio. Como trabalhava com materiais elétricos e fazia instalações na cidade, fiz esse trabalho para a firma dos Irmãos Cardoso e depois para todas as suas construções. Com esse serviço, em troca, eles construíram o novo prédio, como havíamos combinado. E ali, fui muito feliz.

 

Nesse novo local tive uma concessionária de eletrodomésticos, a General Eléctric.  Por ser único e exclusivo na marca vendia muito bem e tinha uma grande freguesia, apesar de ter a concorrência de outro comerciante, o Armindo Marasca que tinha loja na rua Campos Sales. As vendas aconteciam tanto na loja como por telefone. Depois da geladeira foi a vez da televisão. Embora a primeira TV da cidade tenha sido trazido, de São Paulo, pelo Manzur, aquele da Vila Olho d´Água, a primeira pessoa a comprar uma televisão fui eu. Não era uma coisa muito certa sua sintonia, como me havia alertado um engenheiro da General Eléctric. Mas de vez em quando, mesmo com chuvisco, ela pegava. Lembro-me de um dia que aconteceu isso. A orquestra do Tommy Dorsey, uma grande orquestra americana, se apresentaria na TV Tupi em São Paulo. Nesse dia tive a felicidade de pegar bem. Então chamei o Edil Lisboa e toda a turma de músicos. Forrou de gente em casa, onde todo mundo, sentado no assoalho, assistiu ao espetáculo.

 

Nessa loja fiz uma grande trajetória, até parar minhas atividades, em 1970. O local passou a ser ocupado por outros comerciantes e hoje é a Papelaria Aquarela que é de minha filha Maria Helena e do meu neto.

 

Parei, talvez, em uma hora que não deveria ter parado. Arrependi-me. Fiquei uma temporada parado, mas como não agüentava, depois uns dois, três anos, comprei um terreno aqui na Vila Barth, onde construí quatro casas, um salão comercial e um escritório. Surgiu a oportunidade de voltar e montei um Supermercado, o Guanabara que, com o tempo, passei para meus filhos. Como eles foram estudar fora acabei vendendo o empreendimento, mas, dessa vez, não parei. Ao lado, no salão, montei um pequeno comercio, em 1975, para meu hobby e meu passatempo. Mas, principalmente para dar continuidade naquilo que gosto e acho para que nasci: ser comerciante.  Ele é uma pequena lanchonete onde sirvo refrigerantes, chocolates, chicletes, coisas pequenas, para estudantes da Escola Estadual Darci Vieira que fica aqui ao lado. Além disso, no mesmo local, minha esposa tem uma pequena papelaria. Acredito no comercio porque, para mim, ele é o progresso e a vida de uma cidade.

 

Depoimento original de

Oswaldo Piedade

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JOSÉ LUIZ NOGUEIRA

 

 

 

 




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