Sobrenome de origem geográfica. Do francês, derivado de bela fortaleza.
Segundo doc. manuscrito que temos em mãos, «O primeiro senhor feodal que tomou o nome de Belford, ou Berford em irlandês, era originário da Normandia príncipe e duque que sendo coronel foi alferes mor (porte oriflamme) de Henri II, Rei da Inglaterra, a quem acompanhou a Irlanda onde, em 1171, foi criado conde de Belfort e Lord de Tarah.
Investido de um dos antigos principados irlandeses, que sob a forma de condado feodal foi successivamente passando aos seus descendentes, todos condes e lords, coube de direito a todos elles a hereditariedade do título de príncipe, deixando de ser transmissível o título de duque por ter continuado o seu domínio féodal a ser sempre mantido sob forma de condado, ou por ser elle duque como chefe militar, título que então trazião os generaes chefe de exército». Há em nossos arquivos alguns documentos referentes à Família Belfort, que foram registrados no Consulado do Brasil, em Paris, a 15 de Setembro de 1910, provando sua origem Real no século XI - e que, pelos Reis de Portugal descende diretamente de Roberto “O Devoto”, Rei de França, e de Affonso VI, Rei de Leão e Castela; e pelo primeiro Senhor feudal de Belford, Príncipe e duque, descende de Guilherme, duque da Normandia, posteriormente Rei da Inglaterra.
Brasil: O último irlandês conde e príncipe de Belfort, de direito, segundo alguns pesquisadores, foi Lancelot Belfort [bat. 5.7.1708, Dublin, Irlanda- Lisboa], que deixou testamento feito em São Luiz do Maranhão, a 15 de março de 1775. E data incerta, retirou se para Portugal, de onde emigrou para o Brasil, fixando se na Capitania do Maranhão, onde foi Almotacel em 1744, 1750 e 1754; Vereador de 1753 e 1759 e Juiz de Fora interino. Fundou na margem esquerda do rio Itapicuru uma importante Fazenda, denominada “Kylrue” nome da propriedade feudal de seus antepassados, na Irlanda. A 20 de Julho de 1758, o Rei D. José I - de Portugal, concedeu lhe o Hábito da Ordem de Cristo. Foi Armado Cavaleiro da mesma Ordem, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Lisboa, a 21 de Junho de 1761.
Existe em nossos arquivos outros documentos sobre esta ancestralidade da Casa de Belford do Brasil - documentação esta que nos valemos para a afirmar o que foi escrito acima e para o que vai escrito abaixo que também se refere aos registros feitos em Paris, sobre as origens da Casa de Belfort.
Segue abaixo a transcrição da folha de rosto de um destes documentos, que fora impresso em Paris, no ano de 1911:
Résumés et Extraits De Documents Généalogiques dûment légalisés et enregistrés au Consulat Général Du Brésil, A Paris Relatifs a La Maison Brésilienne De Belford d’ont l’origine princière remonte au XIe siècle et qui, par les Rois de Portugal, descend directement de Robert le Pieux, Roi de France, et d’Affonso VI, Roi de Leeón et Castille; et, par le premier Seigneur féodal de Belford, Prince et Duc, descend de Guillaume, Duc de Normandie. Ce travail, de caractère rpivé, qu’a fait imprimer le Conseiller Antônio Roxoroïz de Belford, chef actuel du nom et des armes de la Maison de Belford, contient la lettre patente d’armoiries qui autorise aussi l’usage des cinq quines portugaises elles mêmes qui figurent dans lees armoiries de la Maison Royale de Portugal Paris - Imprimerie Chaix - 1911.»
Casou, em primeiras núpcias, com Isabel de Andrade, falecida a 1º de Junho de 1742, em São Luiz do maranhão, e sepultada no Carmo (Segundo registro do Livro 2º de óbitos da Sé, de são Luiz, fls. 22); filha do Capitão Guilherme Ewerton. Casou, em segundas núpcias, a 22.09.1743, em são Luiz do Maranhão, pelas 4 horas da tarde, na residência do pai da noiva, com Ana Tereza Marques da Silva, filha do Capitão Filipe Marques da Silva e de Rosa Maria do Espírito Santo - de quem descendem os Marques da Silva (v.s.), do Maranhão. Entre os descendentes do casal, registram-se:
I - o bisneto, Dr. Joaquim Gomes da Silva Belfort [1777, São Luiz, MA - ?], cavaleiro fidalgo da Casa Real. Cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada. Formado em Leis, e habilitado para os lugares de letras. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas - detalhes adiante;
II - o bisneto, Dr. Antônio Gomes da Silva Belfort, natural da cidade de São Luiz do Maranhão. Bacharel formado na Faculdade de Cânones, daa Universidade de Coimbra. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas - detalhes adiante;
III - o bisneto, brig. Sebastião Gomes da Silva Belfort [bat. 03.08.1781, Itapicurú, MA - 01.08.1825 - vítima do naufrágio do Navio “Providência”], que teve mercê da Carta de Brasão de Armas. Sobre o Brigadeiro Sebastião Gomes da Silva Belfort, encontramos as seguintes considerações, feitas em um daqueles manuscritos, acima citados, que foram registrados no Consulado brasileiro de Paris, França: “D. João VI, Príncipe Regente de Portugal, tomando em consideração os relevantes serviços do General sebastião Gomes da Silva Belford, chefe de nome e armas da Casa de Belford, concedeu lhe por carta patente de 15 de Abril de 1804 o direito de usar nos seus brasões as próprias quinas Reaes, de uso do Próprio Rei de Portugal, de que elle Belford descendia, e nessa carta patente de brazão d’armas o Príncipe Regente autorisava o a usal as, dizendo: <<como usaram os ditos nobres e Antigos Fidalgos seus antepassados no tempo dos Senhores Reis meus antepassados>>. Passou portanto o General Silva Belford a ficar desde então investido de toda a nobreza, portando de todos os títulos e direitos nobiliários dos seus antepassados, por não existir mais, nessa época, vestígios do regime féodal, quanto as conseqüências resultantes das confiscações na Irlanda. Desses títulos acha se excluído o de Lord por ser um título puramente inglês e que dá direitos junto ao parlamento britânico, precisando portanto da secção do governo da Grã Bretanha, uma vez o seu possuidor e portador Não é de nacionalidade inglesa. Os títulos de conde e príncipe passaram por simples herança e de direito aos descendentes, filho e neto, do General Silva Belford, e o facto do ultimo delles Sebastião Gomes da Silva Belford, do mesmo nome do avô, ter sido por motivo da sua fidalguia e nobreza encartado moço fidalgo da Casa Real de Portugal e da Casa Imperial do Brazil, mostra que o governo Imperial do Brazil reconhecem a sucessão de tais direitos nobiliários;
IV - José Joaquim Tavares Belfort [18.03.1840, Maranhão - 11.07.1887, Pernambuco], professor de Direito e Jornalista. Deputado à Assembléia Geral Legislativa pelo Maranhão [1865-1866 e 1878-1881];
V - José Joaquim Teixeira Vieira Belfort, deputado à Assembléia Geral Legislativa pelo Maranhão [1857-1860];
VI - Joaquim Antônio Vieira Belfort, magistrado, deputado às Cortes de Lisboa [1821-1822], não assinou a Constituição Portuguesa de 1822; VII - Antônio Sales Nunes Belfort, oficial do Exército. Presidente da Província do Ceará [04.02.1826 a 05.04.1829]. Deputado à Assembléia Geral Legislativa pelo Ceará, para 1830-1833, não tomando posse, por ter falecido. Linha Africana: Sobrenome também usado por famílias de origem africana. No Rio de Janeiro, há a de César Pires Belford, «preto forro», casado em 1857, no Rio [St. Rita, 5.º, 103v], com Francisca Eufrásia, «preta forra».
Nobreza Titular: Ramo do Maranhão:
I - conde [irlandês] de Belfort - citado acima;
II - Príncipe [irlandês] de Belfort - citado acima;
III - Antônio Raimundo Teixeira Vieira Belfort [17.06.1818, MA- Rio, RJ], que foi agraciado, sucessivamente, com os títulos de barão de Gurupi [11.12.1855], pelo governo brasileiro; e de 1.º Visconde de Belfort [12.09.1872], passado pelo Governo Português. Deputado à Assembléia Geral Legislativa pelo Maranhão [1853-1856] e presidente do Supremo Tribunal. Fidalgo da Casa Imperial. Deixou geração do seu cas., a 19.04.1841, com Augusta Carlota Bandeira Duarte, falecida depois de 1880, época que, já viúva, residia na rua General Caldwell, Rio de Janeiro, e encontrava-se na Europa. Filha do Conselheiro Francisco de Paula Pereira Duarte, comendador, desembargador e presidente do Supremo Tribunal de Justiça, e de Carlota Joaquina Bandeira;
IV - Joaquim Raimundo Nunes Belfort, que foi agraciado, a 24.03.1883, com o título de barão de Santa Rosa. Foi casado com Maria Madalena Viana Henriques. Ramo de Minas Gerais:
V - Antônio Belfort de Arantes Marques [1804-1885], barão de Cabo Verde - citado no verbete Arantes (v.s.);
VI - Antônio Belfort Ribeiro de Arantes [1818-1908], visconde de Arantes - citado no verbete Arantes (v.s.);
VII - Maria Cândida Belfort de Arantes, que foi casada com Militão Honório de Carvalho, 2.º barão de Cajurú. Brasil Heráldico: I - Dr. Joaquim Gomes da Silva Belfort, bisneto do patriarca, citado acima, item I.
Carta de Brasão de 14.02.1802.
Registrado no Cartório da Nobreza, Livro VI, fl. 191: um escudo partido em pala: na primeira pala, as armas da família Souzas, do Prado (v.s.); e na segunda pala, as armas da família Gomes (v.s.);
II - Antônio Gomes da Silva Belfort, citado acima.
Carta de Brasão de 06.04.1804. Registrada no Cartório da Nobreza, Livro VII, fl. 73 - um escudo partido em pala, na primeira pala, as armas da Família Souza, e na segunda pala, as armas da família Gomes. Paquife dos metais e cores das Armas.
Timbre: dos Souzas. Diferença: uma brica azul com hum arpão de ouro;
III - Sebastião Gomes da Silva Belfort, citado acima. Carta de Brasão de 06.04.1804: um escudo partido em pala, na primeira pala, as armas da Família Souza do Prado; e na segunda pala, as armas da família Gomes. Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife dos metais e cores das Armas. Timbre: dos Souzas. Diferença: uma banda de ouro.