Sobrenome, patronímico de Bernardo, ou seja, filho de Bernardo.
Derivado de Bernardo, do germânico: bern, variante de ber, urso, e ardo, de hart, forte, urso forte ou forte como um urso (Antenor Nascentes, II, 43).
Brasil:
Assim como os demais patronímicos antigos - Eanes, Fernandes, Henriques, etc. - este sobrenome espalhou-se, desde os primeiros anos de povoamento do Brasil, por todo o seu vasto território.
Numerosas foram as famílias, que passaram com este sobrenome para diversas partes do Brasil, em várias ocasiões. Não se pode considerar que todos os Bernardes existentes no Brasil, mesmo procedentes de Portugal, sejam parentes, porque são inúmeras as famílias que adotaram este sobrenome pela simples razão de ser um patronímico, ou seja, indicando em sua paternidade, ser filho de um Bernardo.
O mesmo se aplica no campo da heráldica; jamais se pode considerar que uma Carta de Brasão de Armas de um antigo Bernardes, se estenda a todos aqueles que apresentam este mesmo sobrenome, porque não possuem a mesma origem.
Brasil:
No Rio de Janeiro, entre as mais antigas, temos a de Artur Bernardes (n.c.1567), que deixou descendência do seu casamento com Antônia de Medeiros (Rheingantz, I, 250).
Rheingantz registra mais 8 famílias com este sobrenome, nos sécs. XVI e XVII, que deixaram numerosa descendência no Rio de Janeiro.
Ainda, no Rio de Janeiro, a importante família do Dr. Antônio Maria Bernardes, nat. do Porto, que deixou numerosa descendência do seu casamento, c. 1735, com Mariana Pereira da Cruz.
Foram avós de José Francisco Bernardes [c.1758, Miragaia, Porto, Portugal-], que deixou descendência, que passou ao Brasil, do seu casamento, a 15.01.1783, em Miragaia, Porto, com Maria Marcelina Rosa de S. José, nat. de Miragaia, filha de Francisco da Rocha Leão, patriarca da família Rocha Leão (v.s.), do Rio de Janeiro. Entre os descendentes deste último casal, cabe registrar:
I - a filha, Margarida Cândida Bernardes [13.04.1786, Miragaia, Porto -], que, por seu casamento, em 1803, no Porto, na família Rocha Leão (v.s.), estabelecida no Rio de Janeiro, tornou-se, em 1844, baronesa de Itamaraty;
II - a neta, Maria Romana Teixeira Bernardes [18.11.1818, RJ - 17.10.1896], que foi agraciada, depois de viúva, com o título [Dec. de 29.06.1887] de marquesa de Itamaraty. Em 1891, já viúva, residia na Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Deixou geração do seu casamento, a 10.04.1841, no Rio, com o conde de Itamaraty, membro da importante família Rocha Leão (v.s.), do Rio de Janeiro;
III - o neto, José Francisco Bernardes [26.11.1836, Arrozal, Piraí, RJ - 27.11.1916, Petrópolis, RJ], agraciado com o título [Dec. 05.07.1888] de barão de S. Joaquim. Foi casado com uma prima Bernardes;
IV - a bisneta Joaquina Bernardes Oliveira de Araújo Gomes [28.12.1849, RJ - 16.09.1929, Petrópolis, RJ], que, por seu casamento, a 27.05.1869, com seu primo em 2.º grau, acima descrito, tornou-se, em 1888, baronesa de S. Joaquim;
V - o bisneto, Conselheiro Mayrink [1839-1906]; e
VI - o bisneto, Visconde de Mayrinck [1844-1905].
No Rio Grande do Sul, entre outras: a de Francisco Joaquim Bernardes [c.1804], que deixou numerosa descendência, que passou ao Rio de Janeiro, do seu casamento, c.1828, com Maria Cândida Pereira.
Em Minas Gerais, entre outras, registra-se a importante família de Antônio da Silva Bernardes, que deixou importante descendência do seu cas. com Maria Aniceta Pereira do Vale, terceira neto de Manuel Vieira e de Maria de Souza, patriarcas da importante família Vieira de Souza (v.s.), de Minas Gerais.
Entre os descendentes do casal, registra-se o filho Arthur da Silva Bernardes [08.08.1875, Viçosa, MG - 23.03.1955, RJ], bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de São Paulo [29.11.1900]. Vereador à Câmara Municipal de Viçosa, MG, da qual foi presidente. Deputado Federal. Secretário das Finanças [MG]. Governador do Estado de Minas Gerais [1918-1922].
Presidente da República do Brasil [15.11.1922 a 15.11.1926]. Senador da República [1926-1930]. Aderiu à Revolução Constitucionalista de São Paulo [1932]. Foi preso e deportado para Lisboa. Retornou ao Brasil em 1934 sendo novamente eleito Deputado Federal [1934-1937]. Deputado à Assembléia Nacional Constituinte [1946]. Suplente de Depitado Federal [1950]. Novamente Deputado Federal [1954-1955]. Deixou geração do seu cas., a 15.07.1903, em Viçosa, MG, com Clara Vaz de Mello [04.02.1876, Viçosa, MG -],
filha do senador Carlos Vaz de Melo, integrante da importante família Vaz de Mello (v.s.), de Minas Gerais;
II - o neto, Dr. Artur Bernardes Filho [16.09.1905, Viçosa, MG -], filho do anterior. Advogado, político. Diplomado pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro [1928]. Secretário particular da presidência da República, na gestão de seu pai [1922-1926]. Advogado, consultor jurídico da Equitativa Brasil. Deputado federal por Minas Gerais [1935-1937 e 1945].
Fundador e presidente da Eletromar Indústria Elétrica Brasileira S.A. Senador federal por Minas Gerais [1946-1950 e 1950-1958]. Presidente do Conselho Administrativo do Banco do Comércio S.A. Delegado brasileiro junto à ONU. Vice-governador do Estado de Minas Gerais [1956]. Diretor e vice-presidente da Sociedade MARVIN S.A. Diretor do Banco Lino Pimentel S.A. Ministro da Indústria e Comércio [1961]. Membro da Ordem dos Advogados do Brasil e do Instituto dos Sdvogados do Brasil;
III - o bisneto, Dr. Artur Bernardes Alves de Souza [21.11.1926, Rio, RJ -], com geração;
IV - o terceiro neto, Artur Bernardes Alves de Souza Filho [06.01.1955, Rio, RJ -]. .
Linha Africana:
No Rio de Janeiro, entre outras, registra-se a família de Inocêncio José Bernardes [c.1810, RJ - ?], «pardo forro», filho de Violante Maria de Jesus, «forra», e ex-escravo de Marcela Teresa de Jesus, que por sua vez era «creoula forra». Foi casado, em 1835, no Rio, com Maria do Amparo [c.1812, RJ - ?], «parda livre», filha natural de Teodora Joaquina.
Heráldica (de Joaquim Bernardes): em campo de ouro, duas águias batalhantes de negro.
Timbre: uma águia nascente de negro, gotada de ouro.
BERNARDES MACIEL
Importante família da Zona da Mata, Minas Gerais, procedente de João Bernardes Maciel [c.1772 - a.1846], que deixou numerosa descendência, em Ubá, de seu casamento com Ana Rosa de Vasconcelos [1776 - 1846, Ubá]. Linha Africana: Em Ubá, Joaquim Bernardes Maciel, casado com Ana Angélica dos Santos, batizou em 1843, um filho: Franzino, «pardo». (Barata, Famílias de Ubá, B).
Nota: ver separadamente os sobrenomes Bernardes e Maciel.
BERNARDES DE SOUZA
Importante família da Zona da Mata, Minas Gerais, procedente de João Bernardes Maciel [c.1772 - a.1846], que deixou numerosa descendência, em Ubá, de seu casamento com Ana Rosa de Vasconcelos [1776 - 1846, Ubá]. Linha Africana: Em Ubá, Joaquim Bernardes Maciel, casado com Ana Angélica dos Santos, batizou em 1843, um filho: Franzino, «pardo». (Barata, Famílias de Ubá, B). Nota: ver separadamente os sobrenomes Bernardes e Maciel.