GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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ELES VIERAM DE DAMASCO PARA FICAR
ELES VIERAM DE DAMASCO PARA FICAR

Nasci em Damasco, na Síria, em 1919 e perdi meu pai, José Moucachen, em 1922. Sem meu pai, minha mãe, por uma tradição, casou-se, por procuração, com meu Tio Nagib, irmão de meu pai. A partir daí viajamos de navio por mais de um mês até chegarmos ao Porto de Santos, onde meu Tio, com um carro de aluguel, o único desta cidade, nos esperava. Tio Nagib havia imigrado antes e tinha em Itapetininga, desde o ano do meu nascimento, um comercio de destaque. Foi ele que convenceu minha mãe Rosa e meus irmãos Gabriel e Antonio a também imigrarem, com um só destino: a “Terra das Escolas”. Como éramos crianças, a viagem, embora longa, foi muito divertida. Nossa chegada a Itapetininga também foi novidade. Saímos de Santos e depois de horas, com tudo escuro o carro parou. Minha mãe perguntou porque tínhamos parado. O motorista simplesmente respondeu "Chegamos". Nesse tempo a iluminação publica era muito deficiente e vivíamos quase sempre às escuras.

 

A loja se localizava no mesmo lugar de hoje. Era menor sem dúvida. Minha mãe e meu tio trabalhavam com aviamentos para roupas de homem que eram contratadas por alfaiates. Tinham tecidos, linhas e botões especiais. Era uma espécie de loja de armarinhos. O que mais vendia, sem dúvida o famoso Linho S 120 Taylor, aquele que tem 120 batidas de linho no tear. Tinha também a conhecida Casimira Inglesa.

 

Com vinte anos comecei na loja com meu tio, minha mãe e meus irmãos Gabriel e António. Quando Gabriel morreu, dividimos a loja entre os dois irmãos.

 

Nesse tempo tivemos amigos clientes e clientes amigos. Lembro-me, por exemplo, do Dr. Júlio Prestes que se dava muito com o Kalil Halak, que cortava o cabelo deste estadista e a ele nos apresentou. Ficamos muito amigos. As tradicionais famílias Ayres, Aguirre, Prestes, Hungria, Moraes, Rosa entre tantos outras também ficaram nossas amigas.

 

Por um bom tempo os negócios foram dando certo e crescendo.Depois, já na época do então prefeito Waldomiro de Carvalho, ampliamos para o comércio de aviamento para mulheres. Lembro-me bem, de uma cunhada do Waldomiro, casada com um irmão seu, que adquiriu 3 das poucas peças de tecido que tínhamos.

 

Com o aparecimento das lojas de confecções, especialmente as Casas Pernambucanas, passamos a ter uma grande concorrência. Além disso, por um erro nosso comprávamos artigos mais caros. Enquanto vendíamos um, as Pernambucanas vendiam trinta. As confecções apareciam cada vez mais.

 

Meu tio tinha morrido e meus irmãos, todos com diploma - Gabriel formou-se em Farmácia e António em Odontologia - não tinham vocação para o comércio. Assumi a Loja e mudei. Passamos a comercializar roupas feitas, chapéus e tecidos, esses os mais finos e com exclusividade de firmas de São Paulo e Rio de Janeiro. Tínhamos ainda tecidos importados para homens e mulheres e muitas rendas, as melhores.

 

Assim a Loja Moucachen passou a ser referencia no ramo. Nossos clientes eram nossos amigos. Tínhamos um atendimento individual a cada um deles. Sabíamos seus gostos e o que desejavam. Nossos tecidos e outros produtos eram de primeiríssima qualidade e todos sabiam disso.

 

Fiquei durante 50 anos na empresa, para finalmente dividi-la com 3 dos meus filhos.

 

Depoimento original de

François Moucachen

Março de 1996

 

Os filhos de François

 

Como nosso pai, desde pequenos, com oito, nove anos, a gente vivia na Loja. Por sermos pequenos, nós não trabalhávamos, apenas brincávamos de vendedor de pano, vendedor de tecido. Nessa época trabalhavam com meu pai e meu tio, o Zé Carlos Damas, o Zé Benedito Moreli e o seu João.

 

A loja de papai era bastante conhecida por seu modo de tratar os clientes. Quando chegavam, minha avó, que ficava sentada na cadeira, os convidava para um cafezinho Sírio na cozinha. O movimento também era grande. Entre os clientes há de se destacar, no nosso tempo, as Fabiano Alves, Juliana, Dedé e Zezé, o seu Murilo Antunes Alves e seu pai, Tonico Alves. Também não há como se esquecer de um cadernão, um livro grande mesmo, onde papai e titio marcavam o fiado. Entre os produtos vendidos o mais famoso era o enxoval, tudo de mercadoria fina. Até hoje tem gente que comenta que ainda possui o lençol que comprou do François. Isso sem contar os famosos tuides e os tecidos Santa Constancia.

 

Quando crianças, papai acostumava contar a história do casamento de sua mãe com seu pai e depois com o tio Nagib. Ele relatava que naquela época os casamentos eram contratados e a pessoa não podia casar com quem quisesse. Nossa avó, a mulher de José, gostava do Nagib, mas como o Nagib era o terceiro filho, a fizeram casar com o José que era o mais velho. Papai lembrava ate que, de desgosto e tristeza de não poder ter casado com a Rosa, ele veio para o Brasil. Como o amor dele era muito forte, com a morte do irmão, ele a trouxe juntamente com os três filhos para perto dele.  Então eles continuaram morando juntos. Não tiveram filhos, mas foram felizes o resto da vida. Essa é a história que a gente sabe.

 

A medida em que íamos crescendo passávamos a ajudar mais papai na Loja, aquela da rua Campos Sales, 443, embora a preferência dele era que estudássemos.

 

            O Zé Henrique foi o primeiro e foi nessa época que passamos por uma fase difícil. Tecido era a especialidade da loja e a procura diminuía cada dia mais. Logo depois, em 1970, como o Zé estava fazendo especialização em São Paulo, ele passou a trazer umas mercadorias novas como perfumes e importados, que chamavam a atenção dos clientes.  O Gabriel junto com papai iniciou no ramo de confecções, mas percebemos logo que esse não era o caminho. Partimos para artigos para presentes e há uns vinte anos com artigos importados. Foi dando seqüência à loja que, graças a Deus, alavancamos o negócio e conseguimos fazer sucesso.

 

Nessa época, sempre com um dos filhos, enquanto os outros faziam faculdade, papai liderava a loja. A loja era praticamente dos quatro. Papai e os três filhos. Ele ficava nas áreas mais tradicionais e movimentadas, enquanto nós, num cantinho, tínhamos nossa especialidade. Tudo no mesmo estabelecimento. Primeiro, nosso estoque cabia em uma gaveta.  Depois uma prateleirinha da sala da minha avó e depois uma sala inteira. As coisas iam aumentando. Já éramos uma loja dentro da Loja. Nesse período, nós filhos, mudamos de local, depois voltamos para o mesmo lugar e o ampliamos. Após a ampliação, tínhamos uma grande loja, que vinha desde a esquina até o número 419 da rua Campos Sales. Chegamos a ter uns cinqüenta funcionários em épocas especiais, como o Natal. Essa loja era dinâmica. Os clientes pediam e a gente trazia. Chegamos a ter escapamento e rodas de carro já que esses produtos não existiam por aqui. Sempre trazendo o que as outras lojas não ofereciam tivemos artigos de luxo como isqueiros importados e canetas Mont-Blanc, além de bebidas finas.

 

Em 1993, achamos melhor nos separar e dividimos a loja. O Zé Henrique ficou com a parte de bicicleta, um pouco de aparelhos de som e telefonia.  O Gabriel com a área de presentes, presentes de casamento, chocolates e bebidas. O Francisco com brinquedos. Ele é o brinquedeiro da família. E assim continuamos até hoje.

 

 Hoje somos comerciantes. Esse espírito de comercio já nasce na nossa própria raça. Nós somos árabes. Além disso, aquela vontade de negociar a gente aprendeu muito com o papai.  Ele era um vendedor nato e gostava de atender o cliente com muita gentileza e simpatia. Essa tradição dele deixou pra gente. Hoje somos a terceira geração que começou com o Nagib e depois com o François. Esperamos que nossos filhos, a quarta geração, dêem continuidade aos negócios.

 

Depoimentos de

José Henrique, Gabriel e Francisco Moucachen

 

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