GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
LEME
LEME

Sobrenome de origem flamenga. Corruptela de Lemk (Antenor Nascentes, II, 170, 359).

Sobrenome de origem holandesa.

De Lems, vocábulo holandês que significa barro, argila.

Em português alterou-se para Leme, de significação inteiramente outra (Raimundo Trindade, ZC, 508).

Pedro Taques, sobre a origem deste sobrenome Lems, informa «que na língua flamenga se exprime prolongando nos beiços a pronunciação do m, significa o mesmo que na língua latina, argila, e no nosso idioma greda, que é uma espécie de barro, mais mimoso e mais selecto» (PT, III, 1).

Procedem de Martin Lems, Cavaleiro nobre e rico, que foi senhor de muitos feudos, na cidade de Bruges, descendente da antiga e nobre família de seu apelido, estabelecida em Berghes - São Wenoch.

Seu filho do mesmo nome, natural de Brujas, passou a Portugalno reinado de Afonso V, que lhe fez mercê do foro de Escudeiro FCR, em 1471. Se estabeleceu com comércio em Lisboa, onde casou com Catarina de Barroso, e retornou a Brujes, onde foi Gentil Homem da Câmara do Imperador Maximiliano - segundo Documento de 1471, transcrito no Nobiliário da Ilha da Madeira [II, 351], que entra em desacordo com o que escreveu, por volta de 1767, o nosso Pedro Taques, consultando a mesma fonte do autor daquele Nobiliário.

Este último, segundo o mesmo documento, foi irmão de Antônio Leme [ que Pedro Taques diz ser filho], natural de Brujas, cavaleiro flamengo da Casa do Príncipe D. João, viveu em Portugal, de onde seguiu para África e se distinguiu na tomada de Arzila e Tanger, em 1471, o que lhe valeu o direito do uso do Brasão de Armas, sem diferença.

Este, finalmente, foi o patriarca dos Lemes, da Ilha da Madeira, para onde passou, logo após a tomada de Arzila e Tanger (1471), deixando numerosa descendência.

Deste último, nasceu Martim Leme, «O Moço», que, em 1483, já se encontrava vivendo na Ilha da Madeira.

Do seu casamento com Maria Adão, nasceram dois filhos, entre eles Antônio Leme, que viveu na Ilha da Madeira, em sua Quinta do Leme.

Do seu casamento com Catarina de Barros, instituidora de um Morgado na Ponta do Sol, nasceram cinco filhos [segundo Nob. da I. Madeira - escrito em 1700], ou seis filhos [segundo Pedro Taques - escrito c.1767].

Justamente, deste sexto filho [Antão], segundo Pedro Taques, descendem os Lemes do Estado de São Paulo. Não estou bem certo desta ancestralidade para os Lemes, de São Paulo, e me inclino a apontar um outro filho daquele casal, de nome Alexos [ou Aleixo] Leme, como ancestral dos Lemes brasileiros, por ser o único que justifica a numerosa família Leme da Silva (v.s.) e Silva Leme, hoje tão espalhada por São Paulo.

Este duplo sobrenome já veio composto da Ilha da Madeira e, ao que parece, não teria sido por via daquele suposto sexto filho, e sim de Aleixo Leme [? - 1544, Ilha da Madeira], que foi casado com Mécia de Mello «Silva», irmã de Isabel da Silva, de Felipa da Silva, de Cecília da Silva, de Catarina da Silva e de Brites da Silva, todas filhas de Diogo Homem de Souza e de Catarina de Barrêdo.

Deste casal de ilhéus, Aleixo e Mécia, nasceu, por exemplo, Antônio Leme da Silva.

Brasil:

A importante família Leme de São Paulo, teve princípio em Pedro Leme, natural da Ilha da Madeira, Fidalgo da Casa Real, descendente de Antônio Leme, o patriarca desta família na Ilha da Madeira. Com sua primeira mulher, sua filha Leonor e seu genro Braz Esteves, passou para S. Vicente (AM, Piratininga, 104).

Por via de três dos cinco netos do patriarca Pedro Leme, descendem os Leme da Silva (v.s.) e os Silva Leme, de São Paulo.

Por via de uma de suas bisnetas, Lucrécia Leme, originou-se a família Paes Leme (v.s.).

Linha Indígena: Braz Esteves Leme, neto daquele patriarca, Pedro Leme, não casou, porém teve 14 filhos naturais, havidos em diversas mulheres oriundas do gentio da terra, a que no Brasil de denomina mamelucos.

Quando do seu falecimento, o juízo de órfãos procedeu a inventario dos seus bens por partilha dos 14 filhos mamelucos, que deixou, os quais, não devendo ser herdeiros pela nobre qualidade de seu pai, foram excluídos da herança por sentença proferida a favor dos irmãos de Braz Esteves (PT, III, 50).

Heráldica: um escudo em campo de ouro, com cinco merletas de negro.

Timbre: uma aspa de ouro, carregada de uma merleta de negro;

II - um escudo em campo de prata, com 3 merletas de negro.              

Timbre: uma aspa de prata, carregada de uma merleta de negro.

Século XV: III - Antônio Leme - Brasão de Armas datado de 12.11.1475: as armas inteiras da família Leme, descrita no item I.

 

Tratar-se-á este, segundo parece, de um nome resultante do aportuguesamento do apelido flamengo Lem, pertencendo a esta família um Martim Lem, cavaleiro e abastado cidadão de Bruges, que se fixou em Lisboa no séc. XV, aqui fundando uma importante casa comercial.

Tendo ele armado à sua custa uma fusta, que enviou sob o comando de um filho, a apoiar uma das expedições de D. Afonso V ao norte de África, aquele soberano deu-lhe foro de escudeiro de sua Casa.

Aliás na carta com que o mesmo monarca legitimou os filhos que Martim Lem havia tido em Leonor Rodrigues, mulher solteira, aquele aparece somente mencionado como flamengo honrado, escudeiro e morador em Lisboa.

Um dos tais filhos, António Leme, que esteve nas guerras do Marrocos e conquistas de Arzila e Tânger, mereceu que o mesmo rei o fizesse fidalgo de sua Casa e, posteriormente, da do Infante e futuro rei D. João II, mais lhe confirmando por carta de 12 de Novembro de 1471.

Alguns dos seus descendentes vieram a fixar-se nas ilhas, aí se aliando a famílias da melhor nobreza local.

Ilha da Madeira: o genealogista Henrique Henriques de Noronha, em sua importante obra Nobiliário Genealógico das Famílias da Ilha da Madeira, composta em 1700, dedicou-se ao estudo desta família [Henriques de Noronha - Nobiliário da Ilha da Madeira, Tomo II, 350].

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JOSÉ LUIZ NOGUEIRA

 

 

 

 




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