Sobrenome de origem geográfica. Topônimo de Portugal. Possivelmente de uma palavra gótica *sala, que deu o italiano, sala, casa, habitação, na idade média a parte do castelo destinada aos servos.
No português medieval Sala: Vila Sala, Sala de Barrosas (vila) - documentado em 1059, sala - documentado em 1077. Mais tarde Saa, como em galego, Saa (Antenor Nascentes, II, 268).
Do gótico sala: casa, depois Saa e Sá (Anuário Genealógico Latino, V, 63). Esta família descende de Paio Rodrigues de Sá, que viveu pelos anos de 1300, no reinado de D. Diniz I, no concelho de Lafões. Seu filho João Afonso de Sá, vassalo dos reis D. Afonso IV, fal. em 1357 e D. Pedro I, fal. em 1367, foi senhor da quinta de Sá, no termo de Guimarães e ali é o solar desta família (Anuário Genealógica Latino, I, 83).
Felgueiras Gayo, principia esta família em Rodrigo Annes de Sá, homem do séc. XIII, que deixou numerosa descendência do seu cas. com Maria Rodrigues do Avelar, de quem descendem diversas famílias com este sobrenome, espalhadas por todo o Brasil.
Brasil:
No Rio de Janeiro, entre as mais antigas, registra-se a de Pedro de Sá [c.1590 - 1686, RJ], filho de Pedro Rafael e de Maria de Sá. Deixou geração do seu cas., c.1626, com Guiomar do Souto (Rheingantz, III, 129).
Rheingantz registra mais 10 famílias com este sobrenome, nos sécs. XVI e XVII, que deixaram numerosa descendência no Rio de Janeiro. Ainda no Rio de Janeiro, cabe registrar Mem de Sá [c.1493-1552], 3.º Governador Geral do Brasil [1556], que era irmão do grande poeta Francisco de Sá de Miranda [1495-1558], filho de Gonçalo Mendes de Sá, e sétimo neto do citado Rodrigo Annes de Sá, patriarca da família Sá, em Portugal.
No Rio de Janeiro, cabe mencionar a importante família Corrêa de Sá (v.s.), que teve princípio no casamento de Gonçalo Corrêa com D. Felipa de Sá, sendo esta, filha natural e legitimada de Martim de Sá, e, por via deste, oitava neta do citado Rodrigo Annes de Sá, patriarca da família Sá, em Portugal. Ainda no Rio de Janeiro, aparentado dos Corrêa de Sá e de Mem de Sá, cabe registrar Estácio de Sá, fundador da Cidade Velha, no Morro Cara de Cão, hoje bairro da Urca [RJ-1565], que faleceu combatendo os tamoios, em 1567, na batalha de Uruçumirim, onde hoje está a praia do Flamengo. Neste mesmo ano, seu primo Mem de Sá (acima citado), fundava a Cidade Nova, no Morro do Januário, depois Castelo, sendo nomeando 1.º Governador da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, outro parente, Salvador Corrêa de Sá. Estácio de Sá [-1567], era filho de Álvaro Pires de Sá, e oitavo neto do citado Rodrigo Annes de Sá, patriarca da família Sá, em Portugal.
No Maranhão, registra-se a passagem de Artur de Sá, que foi Governador do Maranhão e do Rio de Janeiro, e descobridor das minas - décimo primeiro neto do citado Rodrigo Annes de Sá, patriarca da família Sá, em Portugal. No Espírito Santo, entre as mais antigas, encontra-se a família de Sebastião de Sá [c.1634, Vitória, ES - ?], filho de Pedro Carrasco e de Isabel Rodrigues. Deixou geração do seu cas., em 1664, no Rio, com Maria de Abreu, filha de Antônio da Costa (Rheingantz, III, 130).
Na Bahia, entre outras, registra-se a de Bartolomeu Madeira de Sá, baiano, filho de Pedro Madeira e de Inês de Sá, ainda em 1591 aluno dos jesuítas, tendo sido depois licenciado. Deixou geração do seu cas., em 1599, na Bahia, com Maria de Lemos Landim [1571, Bahia -?], filha de João Rodrigues Palha, chefe desta família Palha (v.s.), da Bahia (Jaboatão, 519).
No Rio Grande do Sul, entre as mais antigas, de origem portuguesa, está a de João de Sá [c.1701, São Gonçalo de Val de Lobo, bisp. de Miranda - ?], que deixou geração, por volta de 1726, na Colônia do Sacramento, com Maria do Ó [c.1703, São Miguel do Felgar, arceb. de Braga -]. Seus descendentes foram aparentados com as famílias Jarmélo, Alvares dos Santos, Rodrigues de Carvalho, Secco e Rodrigues dos Santos, entre outras.
Ainda no Rio Grande do Sul, também de origem portuguesa, há a família de José Maria de Sá [1803, Arcos de Val de Vez - 1855, RJ] filho de Francisco Bernardo de Sá e de Ana Joaquina Malheiro. Abastado negociante na praça do Rio de Janeiro, onde era proprietário de uma fábrica de sabão. Passou ao Rio Grande (RS), onde deixou numerosa descendência de seu cas., em 1826, com Josefa Maria da Cunha [1810, Rio Grande - 1860, RJ], filha do Comendador Miguel da Cunha Pereira e de Maria Antônia Vieira da Cunha, e neta paterna de outro Miguel da Cunha Pereira, patriarca desta família Cunha Pereira (v.s.), do Rio Grande do Sul; e neta materna do Cap. José Vieira da Cunha, patriarca desta família Vieira da Cunha (v.s.), do Rio Grande do Sul. Também, no Rio Grande do Sul, cabe registrar ainda a família de Gabriel Teodoro de Sá, filho de Manuel João Lourenço de Sá e de Justa da Fonseca. Deixou geração do seu cas. com Inácia da Silva, filha de Eusébio da Silva Carvalho e de Maria Ferreira da Fonseca. Foram pais de Joaquim Inácio de Sá, natural da Colônia do Sacramento. Tenente de Cavalaria do Rio Grande do Sul. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas, em 1796 - detalhes adiante. Os de Goiás procedem de Matias Correia de Figueiredo [Braga - 1783, Pirinópolis, GO], que na quarta década do séc. XVIII, fixou residência em Sorocaba, SP, onde casou com Escolástica dos Santos Robalo, de Sorocaba. O mesmo Matias, por motivos decorrentes de relações ilícitas com uma nobre dama sorocabense, abandonou a cidade, e rumou para Goiás, onde adotou o nome de Alexandre Pinto Lobo de Sá, estendendo-se aos seus descendentes o sobrenome Sá (J. Jayme, Pirinópolis, I, 289).
Linha Indígena: No Rio de Janeiro, entre outras, registra-se a família de Artur de Sá, que deixou geração, em 1620, do seu primeiro casamento com Maria Fernandes «mameluca», e, em 1622, do seu segundo casamento com Esperança, «mameluca» (Rheingantz, III, 129).
Linha Africana: Sobrenome também usado por famílias de origem africana. Em Goiás, registra-se a do Coronel Francisco José de Sá [1861- ?], "Chico Sá", «forro», filho de José Joaquim de Sá e de Joana Inácia Guerra, escrava liberta por 350$000, em 1859. Chico Sá, liberto, mediante quantia de 32 oitavas de ouro, cas. em 1886, em Pirinópolis, GO, com Antônia Lina da Costa, deixando larga descendência (J. Jayme, Pirinópolis, V, 421).
Cristãos Novos: Sobrenome também adotado por judeus, desde o batismo forçado à religião Cristã, a partir de 1497.
Em Pernambuco, destaca-se a importante família de Antônio Maia de Lima, Tabelião do Público e Judicial de Barcelos. Filho de Duarte Fernandes do Rego e de Branca Maia de Lima. Deixou descendência do seu cas. com Isabel Dias de Sá, filha de Francisco Rodrigues Mercador e de Gracia Dias, sendo esta, filha do judeu Diogo Pires, residente em Barcelos, convertido ao catolicismo, em 1497, e de sua esposa Ouro Inda, judia (Evaldo Cabral de Mello - Nome e o Sangue).
Heráldica:
I - um escudo enxadrezado de prata e de azul, de seis peças em faixa e sete em pala (Anuário Genealógico Brasileiro, IX, 299);
II - um escudo enxadrezado de vinte e uma peças de azul. Timbre: um búfalo de prata enxaquetado de negro armado de prata e com um argola de ouro nas ventas (Armando de Mattos - Brasonário de Portugal, II, 110).
Brasil Heráldico: Tenente Joaquim Inácio de Sá, citado acima, ramo do Rio Grande do Sul. Brasão de Armas, datado de 14.10.1796. Registrado no Cartório da Nobreza, Livro V, fl. 147: um escudo partido em pala: na primeira pala, as armas da família Sá (v.s.); e na segunda pala, as armas da família Silva (v.s.) (Sanches de Baena, Archivo Heráldico, I, 337).