Relógios e Jóias é com José Giordano

Meu avô, da antiga Calábria, veio para o Brasil como imigrante e fixou residência, primeiro em Rios das Pedras e depois, Jacutinga no estado das Minas Gerais, onde se casou com Carmem Consantino, também italiana.Teve dois filhos: José e Américo Jordão. A seguir veio para Itapetininga instalando sua joalheria, chamada Casa Confiança, na rua Julio Prestes, esquina com a Monsenhor Soares. Era um casarão antigo onde tinha a loja e sua residência. Seus filhos foram com o tempo aprendendo o ofício de joalheiro.  Depois ampliaram para o ramo de ótica e prataria.  Foi nesse tempo, por volta de 1925, que papai conheceu e se casou com Elvira Kruger. No ano seguinte nasceu minha irmã Tereza Cristina e em 1927, eu nasci.

Não me recordo exatamente até quando a Casa Confiança permaneceu na Rua Julio Prestes, porque era muito pequena. Lembro que, após a morte de vovô, os filhos se dividiram. Américo Jordão foi para Itararé e meu pai, José Jordão, para Faxina, que hoje é Itapeva. Em Itapeva ficamos mais ou menos até 1934. Nessa época retornamos para Itapetininga e papai instalou na rua Campos Sales a Casa Omega, especializada em jóias e relógios, que ficava defronte a Casa Calux, hoje Casas Bahia. Tinha esse nome porque papai vendia relógios suíços dessa marca. Mas tinha, também, brilhantes, diamantes, pérolas, ouro, tudo em jóias. Vendia muito bem já que era a única da cidade. Meu pai era um homem inovador. Seus clientes eram atendidos por mulheres uniformizadas. Lembro de uma delas, Dona Geni, recentemente falecida.  Mais tarde ele passou a comercializar rádios. Aos fundos ficava nossa casa. Permanecemos lá até 1946.

Nesse período, logo após a guerra, papai comprou a propriedade de Dona Ermínia, esposa do Dr. Virgilio de Rezende, na rua José Bonifácio, onde fez residência e sua nova loja. Chamava-se Casa Jordão, passando a comercializar presentes finos, prataria, “long-plays” e tevês. Mas não abandonou a sua arte de fazer alianças. Ele era um artesão nato, como meu avô.

Embora estivesse sempre presente nas lojas, trabalhava sem muito gosto. Minha vocação era outra, embora esse tempo tenha sido um tempo marcante e bom. Recordo que tendo aprendido acordeom, papai sempre me chamava para fazer demonstração do instrumento que ele também vendia. Eu ficava com uma raiva danada, mas tinha que tocar certinho para mostrar que o produto era bom e para que a pessoa pudesse comprá-lo. Isso me marcou muito.

Nesse período, formada em piano e acordeom, montei, na rua José Bonifácio 394, uma escola de acordeom, que era filial da Maçares do Rio de Janeiro. Cheguei a ter mais de oitenta alunos e uma orquestra desse instrumento. Depois ampliei para o ensino de piano. Era uma escola muito concorrida.

Papai permaneceu na Loja até 1968 quando faleceu. Aí a propriedade passou para minha mãe que começou a dirigi-la da mesma forma com a ajuda de meu filho Roberto. Com o casamento dele, minha irmã passou a ajudá-la. Com o seu casamento, a loja encerrou suas atividades, há mais ou menos 32 anos.

Embora não tenha estado diretamente no comercio convivi muito com esse ramo de atividade. Primeiro meu pai. Depois meu marido, Nelson Suardi, com quem me casei e que tinha uma farmácia, na rua Campos Sales, onde hoje é uma das lojas do Moucachen. Meu filho Roberto também teve comercio, uma loja de presentes. O outro montou uma sorveteria. Tudo aqui na rua José Bonifácio. Nesse período de três anos, mais madura, ajudando os filhos, reencontrei o comércio, passei a gostar e dar a ele a sua verdadeira importância.  

Depoimento de

Hélia Jordão Suardi

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