Papai foi um comerciante da época e segundo seus relatos, em 1926, data em que eu nasci, ele já era estabelecido como comerciante na rua Silva Jardim, 51, esquina com a rua Julio Prestes, em prédio próprio, no ramo de armazém de secos e molhados.  Há informações de que ela tenha sido fundada em 1920. 

No armazém, denominado de Casa Lisboa, papai trabalhava com grande estoque de secos e molhados finos, além de bebidas nacionais e estrangeiras, artigos para fumantes, materiais de construção, louças, ferragens e munições, tanto no atacado como no varejo.

A Casa Lisboa possuía ainda filiais em Angatuba, Capão Bonito, Guapiara e Bom Sucesso do Paranapanema, todas com as mesmas características da matriz.

Tinha também outras ramificações de negócios.  Trabalhava com corte e deposito de lenha, em um terreno baldio defronte ao empório, e comprava e vendia cereais que eram armazenados em um deposito junto ao armazém. Também no quintal, como chamávamos o terreno baldio, ele criava frangos e porcos. Tudo isso em função do negócio que ele realizava com os vendedores e fregueses.

Fora da área de secos e molhados, Francisco Lisboa tinha um Posto de Gasolina, que fazia frente ao armazém, onde hoje se acha a casa do Eduardo de Souza, onde vendia gasolina, óleo, lubrificante e fazia lavagens de veículos.  Possuía ainda casas de aluguel.

Quando menino, aos oito anos, estava sempre no armazém, mais a título de curiosidade. Ajudava um pouco, mas quem mais cuidava era o gerente dos negócios dele, seu irmão Benedito Lisboa e meus irmãos mais velhos, o Stepheson e o Élcio Lisboa, que trabalhavam na parte de escritório. Além disso, tinha dez empregados, entre eles um sobrinho, o José Aguiar, que depois foi gerente da filial de Capão Bonito.

Somente aos 12 anos passei a ajudar de forma mais efetiva, inclusive no balcão. Anos depois, dada a uma enfermidade de papai, uma pneumonia muito forte, ele precisou se afastar do Armazém. Meus irmãos Stepheson e Élcio deram continuidade a Casa Lisboa, mas continuavam no serviço administrativo. Mas a testa das transações, das compras e vendas, ficou mesmo com o Tio José Lisboa que permaneceu até o fechamento do armazém em 1960.

 Infelizmente, embora fossemos em doze irmãos, nenhum deles deu continuidade à atividade comercial de papai. Nos fomos estudar e trabalhar em outros segmentos, alguns inclusive na atividade religiosa já que temos três irmãos padres, um recentemente falecido, e duas irmãs freiras.

Além dos negócios, recordo, e muito, das atividades políticas de papai.   Era criança na ocasião e me lembro que ele tinha um relativo conhecimento político na cidade porque havia muita freqüência de políticos em nossa casa e no armazém. Inclusive, foi numa dessas ocasiões, que papai ofereceu um jantar para o Dr. Ademar de Barros e em outra ao Dr. Fernando Costa. Também foi na Casa Lisboa que surgiu a idéia dele ser prefeito o que acabou acontecendo em duas oportunidades.

 Depoimento de

Francisco Lisboa Filho

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