Tive necessidade de trabalhar desde criança. Com 9 anos de idade, quando fazia primário na Escola “Adherbal de Paula Ferreira”, no período da manhã, iniciei como atendente na funerária do Sr. Luiz Stuchi, localizada na rua Saldanha Marinho, esquina com General Glicério. Isso nos anos de 1947, trabalhando da uma hora até as nove horas da noite. Embora muita gente falasse ao contrário, nunca tive medo de trabalhar ali. O medo vinha quando tinha que voltar logo pra casa. Morava na Vila Nova e por ali tudo era muito escuro e quase não tinha movimento. Sempre descia rezando. Dava graças quando havia um circo ou um parque Largo da Caixa D’água ou cruzeiro, onde hoje localiza o INSS e a casa de lavoura.
A seguir tive o prazer de trabalhar com o Dr. José de Mello Leonel, que na época era diretor do jornal “Aparecida do Sul”, cuja redação e oficina ficavam na Rua Silva Jardim, bem próximo da Avenida. Ali conheci um amigo e não um patrão. Essa amizade com o Dr. José Leonel durou durante toda a sua vida.
Nos anos 1955 - 1956 iniciei minha atividade de feirante. Vendia de tudo um pouco: frutas, arroz, feijão...Nessa época viajava com o “Tuta” – Francisco Soares da Silva -, que tinha quitanda no largo do Rosário, e o Custódio, que também tinha uma quitanda na Rua Saldanha Marinho, esquina com a Barbosa Franco.
Falar desse período me emociona. Eles, e principalmente o José Custódio de Oliveira foram fantásticos. Incentivaram-me e eu acabei comprando a quitanda do saudoso Zé Custódio.
Agora tinha dois compromissos: as feiras livres e a quitanda. Dois anos depois comprei uma quitanda no Mercado Municipal, que posteriormente passou a ser Armazem.
Sempre me lembro do movimento que tinha o Armazém do Borba no Mercado Municipal. Era uma festa. Aos sábados e domingos, quando abríamos às 7 horas da manhã, já existiam filas, especialmente de clientes das Vilas e dos Bairros rurais. Tínhamos caminhões que transportavam produtos e pessoas. E alguns iam até mesmo embriagados. Era mesmo uma festa.
Com a mudança das linhas de ônibus para a atual Rodoviária na Aparecida, comprei, nas proximidades, com algumas economias, um terreno de 10 por 5 metros onde montei uma filial do Armazém. Com muito trabalho e dedicação consegui um ano depois ampliar esse estabelecimento. Quase no mesmo período consegui adquirir um outro terreno na Avenida Padre Brunetti onde instalei a Mercearia do Borba.
Somente uns três anos depois, já na década de 70, é que consegui ampliar o Armazém e transformá-lo em um Supermercado. Aí, as ampliações e transformações foram acontecendo. Primeiro na Rodoviária, depois na Avenida Waldomiro de Carvalho, passando pela Padre Brunetti, Cel. Pedro Dias Batista e finalmente o Supermercado do Jardim Itália.
Esse período foi marcado pela amizade. Grandes Amigos. Desde o começo sempre contei muito com o credito. Não posso me esquecer de comerciantes como Chaquib Ozi, Olavo Hungria, Amador Nogueira e o Giriboni, do café Santo André, que facilitavam muito as minhas compras. Todos eles me deram um apoio muito grande, inclusive em dinheiro, quando tive necessidade.
A modernidade nos leva a mudanças. Depois de muitas discussões e pesquisas optamos por esse novo nome fantasia para nossos Supermercados. Hoje, os Supermercados “Pão de Mel” tem à sua frente novas mentalidades como dos meus filhos Arnaldo e Fernanda. E com a modernidade não podemos nos esquecer de novos projetos que sempre nos incentivam a crescer e a colaborar com o desenvolvimento de nosso município.
Tenho certeza que toda essa história não aconteceria se não existisse o apoio de meus pais Arnaldo Soares Hungria, minha mãe Ana Theodora Machado e minha esposa Helena Munhoz Cardoso Hungria.
Depoimento de
Zecaborba Soares Hungria