Com matracas e sinos sua chegada era anunciada.
Produtos da Europa e novidades.
Era o sempre eterno aventureiro e viajante: o mascate
Figura conhecida, desde a Idade Antiga, como os não menos famosos fenícios, o mascate sempre foi uma atração em qualquer cidade ou vila que passasse. Com suas malas, baús e cangas, sobre mulas ou carretas, encantava a todos. Crianças que nele viam um velho mágico e adultos a espera de novidades de outras terras.
Com as melhorias na Estrada do Sul e o aparecimento das Vilas, muitos mascates correram esse trajeto de barro e cansaço, sempre trazendo tecidos diferentes do velho algodão cru, quinquilharias e até mesmo livros editados na Corte.
A figura do misterioso vendedor perdeu um pouco de seu brilho a partir de meados do século XIX, mas o mascate sempre esteve presente no dia a dia da comunidade itapetiningana. Imigrantes, com muitas histórias de lutas e vontade, continuaram a marcar o registro de um passado no comercio, como o caso de Karnig Bazarian, que por aqui aportou fugindo da Armênia, invadida pelos turcos. Vendendo de tudo um pouco, de gravata a botão. Karnig se tornou um símbolo dos imigrantes
Foi a atividade de mascate, seguida da abertura de estabelecimentos comerciais que os chamados imigrantes deram sua grande contribuição para o desenvolvimento da atividade comercial em nossa cidade. O conhecido Major Fonseca, que associava as atividades de professor, industrial e comerciante é um deles. Mas não são apenas os homens da Terra Lusitana. São italianos, sírios, libaneses e alemães, que com toda a língua enrolada e sem muito capital, aqui procuraram novos caminhos.
São os Ambrósio, os Barretti, os Barth, os Marine, os Jordão, os Matarazzo, os Tambelli, os Abib, os Bittar, os Isaac, os Lotfi, os Moucachen, os Ozi, os Feichtenberger, e tantos outros. Isso sem contar os que mudaram de nome, pela dificuldade em pronunciá-los, como os Vaglio (depois Valio), Giordano (depois Jordão) e os Hruzi (depois Ozi). Todos eles passaram pelo comercio, seja inicialmente como empregados, sejam, depois, como proprietários.
As imagens do mascate e do imigrante não fogem da memória dos que viveram um tempo de dedicação à atividade comercial.