Sobrenome de origem geográfica.
Trata-se evidentemente de um diminutivo de Pimenta, velho na língua.
Da baixa latinidade Pimentellu; Pimentelli (genitivo), Pimentellum.
Leite de Vasconcelos vê uma provável origem italiana, pois há Pimentel na toponímia da Itália (Antenor Nascentes, II, 243).
Felgueiras Gayo, ao tratar da origem desta família, apresenta-o como uma alcunha.
Procede esta família de Martim Fernandes de Novais, citado no «Nobiliário» do conde D. Pedro, à fls. 180. Viveu em Riba de Vizela, no tempo dos Reis D. Sancho Capelo e D. Afonso III, com o qual se achou no cerco de Sevilha no ano de 1248. O solar da família é a torre de S. Simão de Novais, perto do Mosteiro de Landim, no reino de Galiza, donde passaram à conquista de Portugal aos mouros, no tempo dos primeiros reis.
O sobrenome Pimentel foi alcunha imposta por D. Afonso III, rei de Portugal fal. 1279, a Vasco Martins de Novais, sendo seu moço fidalgo, pela sua esperteza e alacridade de animo, e depois o fez seu meirinho-mor (Anuário Genealógico Latino, I, 76).
Felgueiras Gayo, em seu Nobiliário das Famílias de Portugal, trata da antigüidade desta família, procedente de D. Vasco Martins Pimentel, filho do citado Martim Fernandes de Novais. Vasco Martins «foi o pr.º q se appellidou de Pemintel, e dizem tomara o appellido, ou lho pozerão de ser m.to colerico, e agastado; viveu na freg.ª de S. Adrião de Vizella junto ao Rio de Vizella na q.ta q antão chamavão Louroza, e hoje se se chama Paço Velho em cuja q.ta fez huas nobrez Cazas q se arruinarão e hua Capella; foi contemporaneo do Rey D. Aff.º 3.º, e seu Meirinho-Mor porem por alguns agravos q o dito Rey lhe fez se passou a Castella ao servisso do Rey D. Aff.º Sabio levando em sua companhia 250 Cavalheiros no anno de 1283, e morreo na batalha de Cordova.».
Deixou geração dos seus dois casamentos, o primeiro com Maria Antunes, e o segundo, com Maria Gonçalves Portocarreiro. Entre os descendentes de Vasco Martins Pimentel, registram-se:
I - o terceiro neto, Diogo Pimentel, Escudeiro Fidalgo, que teve mercê da Carta de Brasão de Armas, em 1514 - detalhes adiante;
II - a quinta neta, Maria Pimentel [? - 1541, I. Madeira], que foi a matriarca da família Accioly (v.s.), do Brasil, por seu cas. com Simone Acciaioli [Florença - 15.02.1544, I. Madeira];
III - o sexto neto, Manuel da Rocha Pimentel, que se estabeleceu no Brasil, onde casou. A família Rocha Pimentel existe na Bahia;
IV - o sexto neto, Antônio de Barros Pimentel, nat. de Viana, membro da casa do Morgado de Semelhe, que passou ao Brasil, onde foi o patriarca da abastada família Barros Pimentel (v.s.), proprietário de engenhos de açúcar, em Alagoas, Pernambuco e Sergipe;
V - o sexto neto, João Pimentel, vigário de São Paulo, SP;
VI - o sétimo neto, Nuno Alvares Pereira, Secretário do Concelho de Portugal em Madri. Governador Geral do Brasil;
VII - o sétimo neto, João Fernandes Pimentel, que passou ao Brasil, onde deixou geração do seu casamento no Rio de Janeiro;
VIII - o sétimo neto, Bento da Rocha Pimentel, Juiz Proprietário das Cisas em Braga. Sargento-mor das Ordenanças. Serviu na guerra da Aclamação. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas [27.05.1641];
IX - o sétimo neto, Antonio da Fonseca (Pimentel), que passou para o Brasil, onde deixou geração;
X - a oitava neta, Maria Pereira, que foi casada com Diogo Botelho, Governador do Brasil;
XI - o nono neto, Rui Vaz Pinto, que passou ao Brasil, onde serviu e morreu;
XII - o décimo primeiro neto, Francisco de Moraes de Castro (Pimentel). Fidalgo da Casa Real. Senhor do Morgado de Santa Catarina. Comendador de São Miguel de Pegulhal.
Padroeiro do Cap.º de São Francisco de Bragança. Governador do Rio de Janeiro e de Pernambuco.
Brasil:
Na Bahia, destaca-se a importante família de poderosos proprietários de engenhos, que teve princípio em Bernardo Pimentel de Almeida [c.1551, Lisboa - 1611, BA], filho de Agostinho Caldeira, veador de D. Antônio, prior de Crato. Passando à Bahia, contraiu matrimônio três vezes. De seu primeiro matrimônio, citado adiante, segue a linha «cristã nova». De seu segundo matrimônio, citado em outros verbetes, seguem os ramos Garcia Pimentel (v.s.) e Silva Pimentel (v.n.). Foi cas., em 3.ª núpcias, em 03.04.1606, BA, com Maria de Menezes, filha de Duarte Muniz Barreto e de Helena de Melo de Vasconcelos, das importantes famílias Muniz Barreto (v.s.) e Melo de Vasconcelos (v.s.). Seus descendentes seguem o sobrenome Pimentel.
Linha Africana:
No Rio Grande do Sul, registra-se a família de Leandro José Pimentel, cas. em 1779, em Mostardas, RS, com Maria Ferreira, «parda» (L.º 1.º, fl.6v).
Linha Indígena: Há a família dos descendentes de Manuel Alvares Pimentel [? - 1632, SP], que deixou numerosa descendência de seu cas. com Feliciana Parente, neta de Pedro Dias e da índia Terebé (Maria da Grã), patriarcas da família Dias (v.s.), de São Paulo (Silva Leme, VIII, 12).
Cristãos Novos:
Sobrenome também adotado por judeus, desde o batismo forçado à religião Cristã, a partir de 1497. Na Bahia, cabe mencionar os descendentes do mesmo Bernardo Pimentel de Almeida [c.1551-1611], que receberam o chamado «sangue cristão novo», por via de seu primeiro casamento, c.1576, com Catarina de Faria, filha de Sebastião de Fria e de Beatriz Antunes, de origem judaica, filha de Heitor Antunes, «judeu com sinagoga em Matoim» e de Ana Rodrigues, também de « origem judaica». Seus descendentes seguem o sobrenome Pimentel.
Outro exemplo desta adoção, pode ser constatado na família de Jacob Fundão, que esteve em Pernambuco, por volta de 1648, e foi patriarca desta família Fundão (v.s.). Foi cas., em 1656, em Amsterdã, Holanda, com Ribcah de Jehudah Senior y Pimentel [c.1634 - 1695] (Wolff, Dic., I, 82, 107).
Heráldica:
I - um escudo em campo verde, com 5 vieiras de prata, realçadas de negro. Timbre: um touro sainte, de vermelho, armado e calçado de prata, com uma vieira do escudo na testa:
II - Moderno: de verde, com cinco vieiras de prata realçadas de negro, bordadura de prata carregada de 8 cruzes páteas de vermelho. Timbre: um touto sainte, de vermelho, armado e calçado de prata, com uma vieira do escudo na testa (Armando de Mattos - Brasonário de Portugal, II, 75). ;
III - Diogo Pimentel - citado acima. Brasão de Armas datado de 27.04.1514: as armas dos Pimentel.