Para conhecimento de todos estamos transcrevendo o Testamento do Capitão-mór Domingos José Vieira, conforme publicado na página 3 do Jornal Tribuna Popular de Itapetininga, do dia 17 de maio de 1933.
"Em nome da Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, Amém.
Eu, Domingos José Vieira, saibam quanto este publico instrumento virem, que sendo no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de 1799 aos 21 dias do mês de maio do dito ano, nesta vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga.
Eu, Domingos José Vieira, estando em meu perfeito juízo e entendimento achando-me enfermo na cama temendo-me da morte, por não saber o que fará Nosso Senhor de minha alma quando deste mundo sair, querendo-a por no verdadeiro caminho da salvação, faço este meu testamento da maneira e forma seguinte:
Primeiramente encomendo a minha alma à Santíssima Trindade que a criou e reuniu com o seu precioso sangue. Rogo ao eterno padre a que sirva receber assim como recebeu de seu unigênito filho.
Rogo a minha mulher Maria Nunes Vieira e a meu filho Domingos José Vieira, que por serviço de Deus e a mim, neste queiram ser meus testamenteiros, aos quais com a verdadeira fé peço porque creio e confesso em Deus e da Santíssima Virgem Maria e de toda a corte celestial tudo o que crê e ensina a santa madre da igreja de Roma.
Meu corpo será sepultado na Igreja Matriz ou capela a que tocar amortalhado com habito de São Francisco, recomendado pelo Pároco e se dirá três missas e corpo presente por minha alma e tenção, declaro que sou natural do Mosteiro de Vieira e arcebispo de Braga, filho legitimo de Manoel Vieira e de Esperança Vieira, moradores do mesmo Mosteiros, já defuntos. Declaro que sou homem casado com Maria Nunes Vieira, do qual matrimonio tivemos 12 filhos, dos quais 3 mortos e se acham 9 vivos, Manoel, Joaquim, Domingos, Anna, Maria, Francisca, Izabel, Gertrudes e Maria, os quase se acham todos casados e dotados, a saber: Anna, casada com Bartholomeu de Medeiros, dotei com cinco dobras;e Maria, mulher do capitão João Affonso Pereira com quatro dobras e meia; Francisca, mulher de Joaquim da Roza, com cinco dobras e um criolo por nome Bernardo de 1 ano;Izabel, mulher do capitão Mor Salvador de Oliveira Ayres, com uma negra por nome Joana e uma mulata por nome Maria, de idade de 3 anos, um mulato por nome Manoel, um rincão de campo sito na paragem Capão Alto; Gertrudes, mulher de Francisco Marques Arzão, com uma negra e 1 cercadinho de campo com um pedaço de poeira desta vila; Maria, mulher de Manoel Ascenção Pereira, com uma creola por nome Maria; Manoel Vieira, com um creoulo por nome Manoel;A dobra era uma moeda de ouro com valor de face equivalente a 12.800 réis, sendo correspondente ao valor de 40 patacas de prata.
Esta moeda chegou a ser utilizada nos séculos XVIII e XIX em Portugal e em suas colônias, inclusive no Brasil.