GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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NEM TECIDOS, NEM CONFECÇÕES
NEM TECIDOS, NEM CONFECÇÕES

Nem tecidos, nem confecções. Material de escritório

 

Meu pai, Gabriel Lotfi, veio para o Brasil, direto para Itapetininga, em 1906. Ele havia saído de Damasco, em 1904, quando os turcos atacaram a Armênia e a Síria. Ele, meus avós e quatro irmãos permaneceram na França por mais de um ano quando receberam um convite, de um irmão da minha avó, Abílio Baladi, para imigrar para o Brasil. Baladi era comerciante estabelecido em nossa cidade e pessoa de prestígio na sociedade local, sendo um dos fundadores do Clube Venâncio Ayres. Ele chegou inclusive a mandar dinheiro para a viagem. Meu avô, como tinha negócios na França ficou por lá. Os outros todos vieram. Vovó e os filhos Ibrahim, Odete, Gabriel, Antonieta e Rosinha. Um ano depois souberam, através de uma carta, da morte de vovô. Papai não gostava de lembrar ou de falar sobre isso. Era algo que queria esquecer.

 

Logo que chegou a Itapetininga papai começou a trabalhar na loja do tio onde hoje é a agencia do Bradesco. Nesse período começou a aprender a escrever e falar português com um só objetivo: mascatear roupas.

 

Nessa atividade papai sofreu muito. Mascateou durante uns 15 anos sempre com a mala nas costas por esse sertão afora. Mas, segundo ele não foi um tempo ruim. Gostava de contar estórias dessa luta.

 

Algum tempo depois, com economias e um dinheiro que veio da Síria, com a venda da pequena propriedade de vovô, papai e tio Ibrahim montaram, em 1926, uma loja de armarinhos e tecidos, uma loja de pano, chamada Casa 2 Irmãos, na esquina das ruas Saldanha Marinho e José Bonifácio. Com a ida de meu tio para São Paulo, ele acabou comprando a outra parte da sociedade e mudou-se para a rua Campos Sales, número 561 e montou a Organização Lotfi, cujo prédio ainda, até pouco tempo, era da família. Foi vendida somente após a morte de minha mãe. 

 

            Foi nessa loja que eu e meus irmãos praticamente nascemos e nos criamos. Desde pequeninos todos tinham o mesmo ritual: de manhã, escola, à tarde, balcão. Ainda nesse período papai mascateava. Quando criança, ainda me lembro, meu pai deixava minha mãe com minha tia na loja e saia mascatear na segunda feira com seu velho pé de bode. Voltava no final de semana cheio de galinha, de porco e de carneiro, já que muitos preferiam trocar a comprar. Ele não perdia o negócio. Trazia tudo isso e vendia por aqui.

 

            Na loja da rua Campos Sales fiquei até os 16 anos. Daí, segui os passos de meu pai: primeiro fui trabalhar por conta depois, mascatear pelo mesmo sertão de Apiaí e Ribeira. Primeiro vendi roupas rústicas de um patrício de meu pai. Eram calças de brim do gosto dos trabalhadores rurais. Vendia tudo. Depois material de escritório e máquinas de escrever. Esses produtos também levava em minhas viagens. Vendia fiado, mas nunca perdi.

 

Em 1965, com algumas economias, abri um estabelecimento na cidade de Registro onde trabalhei por quase três anos. Nesse tempo aconteceu aquele problema do Lamarca e, aquela perseguição, praticamente acabou com a cidade. Ai vim embora para Itapetininga e no início de 1969 fundei esta firma que existe até hoje, a Martex. 

 

            A Martex começou na rua Saldanha Marinho perto do Largo da matriz, onde hoje é o estacionamento do Hotel Colonial. Era um prédio velho que meu pai havia comprado. Continuei com as mesmas mercadorias – material de escritório, máquinas de escrever e refrigeração. Nesse mascatear fixo inclui também utensílios domésticos.  Logo depois mudei para dois pontos da Rua Campos Sales: na Galeria e na antiga loja de meu pai.

 

            O nome Martex surgiu por causa de uma conhecida metalúrgica para escritório, que imperava em 1965, chamada Casa de Móveis de Aço Marte. Como comercializava equipamentos para escritório, ao fundar a firma, dei esse nome, que inclusive é sua razão social.

 

Embora estivesse em propriedades de meu pai, tínhamos negócios diferentes. A loja de meu pai havia ficado para o meu irmão mais novo, o Michel, que também havia se mudado para a Rua José Bonifácio. Aliás, Michel foi comigo os dois filhos que se dedicaram ao comercio.  Nesse tempo, em 1986, comprei o terreno na Silva Jardim onde temos a loja hoje. A inauguramos em Setembro em 1987, mesmo ano da morte de papai.

Hoje a loja conta com 15 empregados e com clientes da cidade e região. Agora, já aposentado, estou a transferindo para meus filhos que tem novos planos para ela. Um deles é a retomada das vendas externas, uma espécie de mascatear, como uma forma de não se esquecer de meu pai, o velho Gabriel Lotfi. Ele sempre foi uma pessoa que trabalhou muito e fazia muita questão da educação e da qualidade de vida de seus filhos. Ele, ao lado de mamãe, sempre quis oferecer o melhor de si para seus clientes, seus amigos e sua família e, especialmente, para Itapetininga, terra que considerava sua terra natal.

 

Depoimento de

William Lotfi

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JOSÉ LUIZ NOGUEIRA

 

 

 

 




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