GENEALOGIA - JOSÉ LUIZ NOGUEIRA 
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A FÁBRICA DE LINGUIÇAS DO "ALEMÃO"
A FÁBRICA DE LINGUIÇAS DO "ALEMÃO"

     Minha vida sempre foi marcada por crises. Aos 14 anos, em 1925, pela crise econômica européia, quando minha família foi obrigada a imigrar para o Brasil. No Porto de Santos, estávamos, meu pai, minha madrasta, meus dois irmãos e eu, a procura de uma terra, de uma Nação e de um emprego.

Qualquer emprego nos servia. Iniciei meu trabalho, como ajudante de Fundição na Empresa Fapan, depois na Metalúrgica Zenith e na Fundição de Ferro Ituana. Quando acreditávamos que estávamos em segurança voltamos a viver, em menos de quatro anos, mais uma crise: a de 1929, a conhecida “Crise do Café”. Estava novamente desempregado. Sem muitas expectativas enveredei-me pelo interior do Paraná procurando novos caminhos. Foi em Arthur Bernardes que consegui meu primeiro novo emprego, desta feita em um açougue. Ai começou minha nova profissão. Graças a Deus, trabalhei nesse ofício em muitas cidades daquele Estado.

Conheci Itapetininga, em 16 de janeiro de 1933, a convite de Augusto Gunter, que me encontrou, a procura de emprego, num Restaurante na Rua Vitória, em São Paulo. O trabalho era numa pequena fábrica de lingüiça. A cidade me cativou.Três meses após, o Senhor Gunter decidiu partir para Sorocaba. Chamou-me de lado e disse:

- "Carlos, você tem que continuar esse negócio”.

Aceitei o desafio e em minha própria residência implantei uma pequena indústria de lingüiça, que era vendida na Feira Livre, bem próxima do antigo Mercado Municipal, na Rua Quintino Bocaiúva, quase esquina de José Bonifácio. Com muito trabalho, consegui um lugar maior e montei um açougue. Era na Rua Virgílio de Rezende, 163.

Mas aí, aconteceu um fato muito importante na minha vida. Foi quando consegui comprar parte da atual Casa de Carnes e Mercearia Avenida, na Peixoto Gomide, local onde já havia me transferido em 1937 e que alugava por 150 mil réis. A casa valia 15 contos de réis e não podia comprar. Daí, o seu proprietário - João Brás de Camargo - lembrou: "Você tem. Você é trabalhador e honesto".

Isso me deu coragem e consegui meu intento. Você imagine a minha felicidade. A partir desse desafio, meus negócios prosperaram. Com muito esforço ampliei as instalações e nas décadas de 50, 60 e 70, fiquei conhecido tradicionalmente como a Casa de Carnes e Fábrica de Lingüiças do "Alemão".

 

Depoimento original de

Carlos Feichtenberger

Janeiro de 1996

O Filho do “Alemão”

Comecei a trabalhar no balcão, no açougue de meu pai, com sete anos de idade. Naquele tempo o comercio de açougue tinha seu maior movimento até o meio dia já que a maioria das famílias não tinha geladeira e comprava a carne para o almoço. O que sobrava, já cozido, ficava para a janta. Depois desse horário era quase tudo parado. Assim, enquanto meu pai cuidava de outras coisas, eu ficava no balcão. Além disso, ficava pesando banha que a gente derretia banha, deixava bem clarinha e a colocava em pacotes de meio, um, um e meio e dois quilos. É bom lembrar que nessa época não havia óleo e toda a comida era feita com banha. Depois de empacotado ia tudo para a geladeira.  Os pacotes eram feitos com papel celofane ou papel cristal, um papel meio embaçoso que não deixava a banha passar.

 

Meu pai, por tradição, só lidava com carne de porco. Ele abatia o animal, derretia a banha, separava os pedaços para a venda e fazia a lingüiça. Da banha produzia o torresmo prensado.  Para fazê-lo, papai inventou uma prensa. Colocava em um tacho aproximadamente 60 quilos de banha. Com essa prensa a gente tirava todo o líquido. Essa massa acabava sendo frita. Quando chegava no ponto, nem crua, nem escura, e bem macia, o torresmo era tirado. Ficava bem pururuquinha. Era um sucesso, mas dava trabalho. Sessenta quilos da banha davam um quilo e meio de torresmo. Com 10 anos aprendi a fazer esse produto.

 

Também foi vendo que aprendi a fazer lingüiça. Ela era diferente das demais. Tudo por questão de qualidade. Enquanto todo mundo fazia com as sobras, meu pai fazia exatamente o contrário. Pegava a carne bem fresquinha, temperava e colocava em uma estufa. A fumaça é que servia de conservante. Isso criou uma tradição de defumados que mantemos até hoje. Isso também faz a diferença na cor. Enquanto os produtos industrializados, com conservantes, tem sempre a mesma cor, os nossos tem cores diferentes dependendo do tempo de defumação.

 

Sempre gostei do comercio, mas por insistência de meus pais, fiz colegial, Faculdade de Educação Física e Faculdade de Ciências Contábeis, essa ultima com o intuito de utilizá-la nos negócios. 

 

Em 1969, meu pai percebendo a minha vocação e tendo se aposentado, passou o açougue direto para mim e para meu irmão Eloy. Puxa vida, tinha apenas 23 anos. Era muita responsabilidade, mas não tive medo.   Daí em diante, tomei peito e não mais parei. Estou aqui há 53 anos.  Realizei meus sonhos. Expandi a firma. Realizei desafios como a de produzir tender salsicha, presunto, presunto cozido e presunto defumado.

 

Mas tudo aconteceu de forma progressiva. De inicio comecei a trabalhar com carne de boi, depois frango. Fiz quibe, fiz lingüiça de frango e mais de 10 tipos de lingüiça. Comigo trabalhava meu irmão, cuja parte acabei comprando em 1998. Daí deu um estalo. Tinha cinqüenta e pouco anos e resolvi fazer cursos fora de Itapetininga. Fiz três sobre defumados porque queria aprender novas técnicas para fazer o tender, o kassler, o joelho defumado. Mas não abandonei o que meu pai havia ensinado. Associando as técnicas criei uma própria, que ninguém tem, o que faz que nossos produtos sejam bastante diferentes de todos os outros. Isso é comprovado pelo número de clientes que tenho em Blumenau, Pomerode e Joinville, que é a terra do kassler, bisteca de porco – e do joelho de porco.   Lá, eles não têm isso defumado. Hoje faço cerca de setenta tipos de produtos diferentes um do outro, aves, kassler, tender, costela, presuntos, salsichas, salsichas brancas, lingüiças, inclusive os chamados “light”, sem nenhum colesterol, com zero de gordura.

 

Nossos produtos se tornaram conhecidos graças ao jornalista Carlos Nascimento da TV Globo. Tudo começou quando um amigo daqui de Itapetininga, Edmundo Prestes Nogueira, quis fazer um presente quando ele veio até aqui para participar da Semana de Jornalismo. O presente foi dois quilos de lingüiça do Alemão. Ele ficou apaixonado pelo produto e começou a freqüentar a casa. Por seu intermédio, a rede fez uma reportagem sobre a região no Globo Rural e qual foi o meu susto de ver o meu produto sendo veiculado em todo o país.  Conhecidos e parentes de outros estados ligaram dizendo que tinham visto a reportagem. Daí o interesse da imprensa aumentou e as vendas também.

 

Hoje, é meu filho mais novo, o Rogério, que dá continuidade ao trabalho. Ele tem uma paixão igual ou talvez até maior que a minha porque ele gosta do que faz. Aprendeu a fazer todos os produtos e se acontecer alguma coisa ele manterá a tradição iniciada com meu pai. Rogério ama isso aqui e não vai parar. Acredito que deverá expandir ainda mais a empresa. Capacidade para isso ele tem.

 

E nessa caminhada sempre a lembrança do Carlos Feichtenberger. Ele foi uma lição de vida. Tinha uma paixão imensa pelo Brasil. Nos ensinou o respeito e como o cliente é importante para um bom negócio. Além de tudo isso, e nem precisava falar, pois todos sabem, ele era o símbolo da honestidade.

Depoimento de

Carlos Feichtenberger Filho

Vejam este vídeo feito em 2021: 

https://www.facebook.com/100000423001942/posts/4226760787347980/?sfnsn=wiwspwa

 

 

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