Francisco de Assis Peixoto Gomide Júnior nasceu na cidade de São Paulo no dia 24 de março de
1849.
Filho de Francisco de Assis Peixoto Gomide e de Clara Bueno Peixoto.
Seu pai foi deputado provincial e geral por São Paulo no Império. Após realizar os primeiros estudos e cursar os preparatórios, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, recebendo o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais em 1873. Durante sua vida acadêmica fez parte do Partido Conservador.
Pouco depois de formado, foi nomeado promotor público da comarca de Amparo pelo então presidente da província de São Paulo, João Teodoro Xavier (1872-1875). Nessa cidade, em 1880, fundou com Bernardino de Campos o jornal republicano A Época, passando a trabalhar em defesa dos ideais republicanos. Deixando o cargo de promotor público, ingressou na política e foi eleito vereador à Câmara Municipal de Amparo.
Professor, elegeu-se senador em 1893 para o Congresso paulista e foi, por três vezes, vice-presidente do Estado de São Paulo: 1896 e 1897, no governo de Bernardino de Campos (1841-1915), quando assumiu a chefia por pequeno período; e em 1898, (quando também presidente do Senado Estadual), substituiu Manuel Ferraz de Campos Salles (1841-1913) durante a campanha eleitoral que o elegeria presidente da República.
No período de sua estada à frente do governo paulista, vendo o grande boom da produção borracheira na Amazônia, tentou desenvolver esse tipo de economia no Estado, frustrando-se, contudo, pela falta de repercussão a seus planos.
Político cultíssimo, sagaz e um dos mais influentes da chamada República Velha (1889-1930), seu nome ficara indelevelmente marcado por uma tragédia que comoveu a nação e, depois, o mundo das letras nacionais: sua filha, Sofia, se apaixonou pelo poeta e promotor público Manuel Baptista Cepelos* (1872-1915).
A princípio e achando ser um romance passageiro, não se importou, porém, quando o caso se mostrou sério e os jovens resolveram se casar, opôs-se violentamente, proibindo-os de se reverem. Como o casal continuou se encontrando na clandestinidade, houve brigas, o senador se trancou com a filha numa sala, discutiram e acabou matando-a com um tiro no peito e se suicidando a seguir, dando um tiro na cabeça.
Desesperado, o poeta Cepelos deixou seu cargo público, entregou-se a bebedeiras e depois de sofrer por nove anos a ausência da amada, também se suicidou, atirando-se do alto de uma pedreira, no Rio de Janeiro, por onde vagava como indigente.
Interessado no poeta que admirava, sobre a tragédia, conta-nos Humberto de Campos (1886-1934) em seu Diário secreto (1954, vol. 2, pág. 386) no diálogo mantido com o advogado e jornalista Humberto de Melo Nóbrega (1901-1978): "– Qual o motivo da morte de Cepelos? – O Cepelos nasceu em Cotia (SP), era mestiço e filho natural. Indo ainda jovem para a Capital, sentou praça na Brigada Policial e chegou a capitão. Na Revolta de 1893, foi para o sul, e tomou parte, lá, na campanha. Veio depois para o Rio de Janeiro, e aqui ficou, até que, em 1915, foi a São Paulo e conheceu ali uma jovem pela qual se apaixonou. A ignorância da paternidade era um dos tormentos de sua vida. A moça, porém, correspondeu à sua paixão. Era filha do velho Coronel Gomide, chefe político de Cotia. Gomide opôs-se vivamente ao noivado, e foiquando, para forçar o pai ao consentimento, a moça confessou: – Mas o senhor tem que consentir, porque eu já me entreguei a ele. O velho entra em desespero. Toma um revólver, mata a filha e suicida-se depois. Cepelos era, também, filho do velho Gomide!..
Ao ter conhecimento do fato, Cepelos achou que não devia mais suportar a vida. Subiu à pedreira que dá ali para a rua Pedro Américo, e atirou-se de lá".
Bibliografia:
CAMPOS, Humberto de. Diário secreto, Vol. 2, O Cruzeiro, RJ, 1954.
MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário Brasileiro, LTC, RJ, 1978.
ALVES, Odair Rodrigues. Os homens que governaram São Paulo, Nobel, Edusp, S.P., 1986.
COUTINHO, Afrânio. Enciclopédia de Literatura Brasileira, ME, RJ, 1990.
Peixoto Gomide Júnior morreu no dia 20 de janeiro de 1906 em São Paulo-SP.
Na tarde do dia 20 de janeiro de 1906, quando se encontrava em sua residência, sem razão aparente, matou com um tiro na testa a filha Sofia e em seguida suicidou-se com um tiro na cabeça. Posteriormente ventilou-se o motivo da tragédia: sua filha estava de casamento marcado com o promotor, escritor e poeta Manuel Batista Cepelos, e este seria filho de Peixoto Gomide com uma escrava.
Era casado com Ambrosina Pinto Nunes Gomide, com quem teve cinco filhos.
Sua filha Gneza Gomide Melo Peixoto foi casada com João Batista de Melo Peixoto Júnior, deputado estadual em São Paulo.
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